O artista plástico e ilustrador Renato Gave vai na contramão dos tempos modernos: saiu do digital e mergulhou no artesanal. Dono do estúdio Animaquatro, o paulistano começou na publicidade, mas versou pelo grafite e pela ilustração.
Renato foi o artista escolhido para transformar a redação do Portal Virgula, na zona oeste de São Paulo (veja as imagens na galeria).
“Meu interesse pela ilustração começou com o meu avô. Ele era dentista e, na época, fazia modelos ortodônticos bem pequenos, detalhados – não tinha nada digital na época, era artesanal”, relembra Gave.
Formado em publicidade, Gave queria ser diretor de arte. Trabalhou com informática na adolescência e, mais tarde, na MTV Brasil e em duas grandes agências de publicidade: Almap/BBDO e Lew’LaraTBWA. “Comecei a ilustrar no Photoshop, e, aos poucos, fui começando a propor ideias com a minha identidade”, conta. Mas eventualmente, quis partir de vez para a arte. “Botei meu nome em uma lista de demissão e saí. Abri meu próprio estúdio aí, na cara e na coragem”.
A partir daí, ficou mais rápida a aproximação com os meios mais artesanais, menos digitais das artes plásticas, além do próprio desenho à mão. “Primeiro, fazia uns adesivos pra amigos. A galera começou a gostar e continuei”, explica. “Desenhava no papel e passava para o computador. Mas o computador sempre corrige o traço, interfere”, critica. No boca a boca, os trabalhos começaram a surgir.
Entre os seus favoritos, destaca uma fachada imponente na Pizzaria Nacional, em Moema, zona sul da capital paulista. “Fui sozinho fazer, montei andaime sozinho, pintei direto na parede. Tudo isso fez parte do processo e acaba fazendo parte da própria obra”, reflete.
Para os amigos, começou a ilustrar tênis do tipo iate – já fez mais de 80, todos sob encomenda. Em 2013, expôs no Mube, o Museu Brasileiro da Escultura, em uma cadeira ilustrada por ele, intitulada “Cadeira Vovó”. Fez ainda um grafite na fachada da Casa do Artista, em São Paulo, loja de materiais para artistas plásticos, como parte do projeto Color+City, promovido pelo Google.
Atualmente, prefere desenhar a mão a usar o computador. “Gosto de desenhar no lápis, direto na parede, mural, tênis. As imperfeições acabam fazendo parte da obra, é tudo manual, artesanal”, explica.
Mais informações: facebook.com/animaquatro