Arquivo pessoal Ben e namorada durante bloco no Carnaval do Rio em 2017

“Foi como entrar em uma multidão e ficar presa a ela, sem encontrar a saída. Sentindo o suor da pele das outras pessoas me empurrando para todas as direções possíveis. Todos tinham os próprios copos pendurados ao pescoço, (…) cerveja e cachaça vendidas em todo lugar por ambulantes”. Essa foi a impressão da artista plástica alemã Janine Trapp sobre seu primeiro – e último – Carnaval no Brasil há alguns anos. “Eu subestimei a intensidade e tamanho da festa brasileira”, contou ela. Janine, que usa o nome artístico Jay, foi ao Brasil visitar uma amiga em Campinas, no interior de São Paulo, coincidentemente alguns dias antes do Carnaval. 

Ela teve a primeira experiência no Carnaval de interior, foi a festas nas ruas, apertada nos bloquinhos “claustrofóbicos”, segundo a artista, e ficou impressionada com a capacidade dos carnavalescos de dançar em espaço tão limitado. Para se livrar da má impressão, Jay decidiu ir ao Rio de Janeiro. “Os brasileiros que conheci me recomendaram o Carnaval do Rio”, disse ela. “Vai ser diferente, várias fantasias, eles me disseram”. Mas o que esqueceram de informar Jay é que a festa exibida nos canais de TV da Europa acontece no sambódromo. “Nas ruas, os bloquinhos eram como os de Campinas, só que maiores. Eu não sabia desse lado do Carnaval”, afirmou Jay.

Sem falar português, conexão com internet instável e completamente sozinha, Jay foi parar no bloco Cordão da Bola Preta, o mais antigo e um dos mais cheios do Rio de Janeiro. Ela perdeu a conta das vezes que, tentando escapar da multidão, entrou em uma rua onde outro bloco estava fazendo festa. Hoje em dia, os sufocos são motivo de risada para a artista. “Os brasileiros são as pessoas mais maravilhosas, carinhosas e receptivas que eu já conheci e eu espero um dia visitar novamente o país”, concluiu Jay.

Dormindo na Kombi no bloco de Salvador
A experiência do francês Lucas Insa foi um pouco diferente da vivida por Jay, embora seja também recheada de perrengues. Lucas estava estudando no Brasil em 2016 e decidiu alugar uma Kombi para viajar ao nordeste com os amigos. Desavisados, decidiram aproveitar o feriado do Carnaval para fazer o roteiro passando por Salvador, na Bahia, até Olinda, em Pernambuco. “ O preços dos hotéis estavam tão altos em Salvador, que acabamos dormindo na Kombi. O problema é que estacionamos bem perto da rua dos bloco de Carnaval”, contou Lucas. Ele e os amigos acordaram no meio da folia.

Viajando pela costa brasileira, o estudante francês aproveitou três diferentes festas de Carnaval: na Chapada da Diamantina, em Salvador e em Olinda. A festa baiana foi a que mais impressionou Lucas: “cheia de cultura, pude ver um pouco de capoeira”, comentou. “O Carnaval de Olinda foi menor, mas gostei”, continuou. A festa nos arredores do parque nacional ficou longe da animação dos blocos de Salvador, mas um ocorrido marcou o evento para Lucas: “conheci um suíço lá, que depois do bloco ficou perdido dois dias dentro da Chapada, sem achar o caminho de volta”. Lucas encontrou o rapaz novamente, dias depois, na cidadezinha perto do parque nacional.

Nunca mais voltou
O australiano Ben Gorjy ficou apaixonado pelo Carnaval brasileiro em 2017, e atualmente mora no Rio de Janeiro. “Eu jamais havia vivido algo como o Carnaval, foi melhor festa em toda a minha vida: literalmente sem parar”, contou. “Os blocos são alegres e muito divertidos. Porém, o que eu mais gostei sobre o Carnaval é que não se trata de apenas um dia de festa, mas de uma semana inteira”, acrescentou. Para Ben, o Carnaval brasileiro é uma lição sobre a importância de dar uma pausa na rotina e aproveitar o “agora”. Para quem pretende experimentar o Carnaval carioca, ele deixou uma dica: “invista em fantasias engraçadas e prepare-se para a melhor experiência da sua vida”.


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Gringos contam perrengues e experiências no Carnaval do Brasil

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