Do alto de seus 81 anos o mestre Fernando Botero ainda se emociona quando lembra seu encontro com o circo que o fez reviver a infância na Colômbia e que eternizou em brilhantes pinturas e desenhos que agora ganham vida nas páginas do livro “Circus: Paintings and Work on Paper”.

“Foi como reviver minha infância”, disse nesta quarta-feira o pintor e escultor colombiano ao lançar o livro em Nova York, quando parecia ter frescas as imagens do momento em que, há seis anos, viu desfilar os personagens e animais de um circo.

Foi nesta noite, no litoral do México, que conheceu e ficou vidrado, “talvez porque não era um circo do tipo que se vê nas grandes cidades”.

“Era um circo humilde, pobre, que também me lembrou os que vi em Medellín, minha cidade natal quando era criança. Talvez por isso tenha me agradado tanto, independentemente das possibilidades plásticas e poéticas”, disse o artista durante uma entrevista coletiva no Consulado da Colômbia em Nova York, onde está em exibição algumas das pinturas que foram incluídas no livro.

Botero, que trabalhou durante dois anos nas pinturas, disse que se impressionou com o mundo circense que conheceu naquela noite: as caravanas, os contorcionistas, os animais.

“Não tinha prestado atenção aos circos quando era criança e de repente descobri a beleza do circo”, que retratou em suas obras, disse.

O novo livro do mestre tem 58 páginas, que inclui 134 pinturas e 57 desenhos, no qual retratou a vida do circo em seu inconfundível estilo de figuras arredondadas, luz e cores vivas.

“Este livro recolhe essa experiência. Representa uma parte importante da minha vida”. O famoso artista disse que nunca antes tinha pensado em trabalhar o tema, que inspirou grandes artistas como Renoir, Lautrec, Chagall e Picasso, entre outros.

“Não o escolhi. Foi pura casualidade. Quando vi o circo pensei como nunca tinha me ocorrido trabalhar com este tema tão belo, tão poético, surpreendente, sendo que há uma grande tradição de grandes pinturas com este tema”, revelou.

Botero acrescentou que dessa forma inesperada chegaram também muitas das inspirações para outras de seus importantes obras.

Apesar de muito impressionado com o universo circense Botero não pensa em transformar essas imagens em esculturas.

“Não pude visualizar (o tema) em esculturas”, afirmou o artista, que expôs pela primeira vez suas obras em Nova York em 1957 e três anos depois se estabeleceu na cidade, onde permaneceu até o início da década de 1970.

Botero inspirou vários livros, o mais recente “Fernando Botero, a busca do estilo (1949-1963), de Christian Padilla, quem realizou uma pesquisa sobre o início da carreira do artista colombiano.

As obras de Fernando Botero se encontram entre as mais valiosas de artistas latino-americanos e a maioria delas foi leiloada em Nova York. 


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Botero revive sua infância com obras circenses recolhidas em um novo livro