“Cola o teu desenho no meu, pra ver se cola… cola o meu retrato no teu, e me namora…”
Quem foi criança nos anos 80 e 90 não esquece esses versos, e nem a voz da garota que os entoava. Essa voz cresceu e não parou de cantar. Hoje aos 36 anos, Amanda Acosta, ex-vocalista do grupo infantil Trem da Alegria, segue na ativa e prepara-se para estrear o espetáculo O Primeiro Musical a Gente Nunca Esquece.
Não será o primeiro musical estrelado pela atriz e cantora. Ela já defendeu alguns personagens pra lá de icônicos da história da Broadway: Sandy Olson, a heroína de Grease; e Elisa Doolittle, a florista ignorante transformada em dama de My Fair Lady (ambas em montagens brasileiras desses musicais clássicos).
Amanda também atuou em outros musicais, além de apresentar programas de televisão e atuar em novelas. Isso não significa que ela tenha desistido de gravar e fazer shows, investindo na carreira de cantora. “Projetos em gestação!”, avisa ela.
O Primeiro Musical a Gente Nunca Esquece estreia em SP em 29 de outubro, e tem uma característica singular: sua trilha sonora é composta de jingles que marcaram época na publicidade brasileira. E a própria Amanda é íntima do assunto: já gravou jingles e locuções, e estrelou comerciais nos anos 80 (dá para encontrá-la em alguns dos brinquedos Estrela no YouTube).
Na entrevista a seguir ela fala sobre esses assuntos todos…
Inevitável perguntar sobre o Trem da Alegria. Como você resumiria essa sua fase no grupo? O que acha do culto à infância do passado em festas como Trash 80’s e Ploc 80?
Foi um sonho que se realizou. Eu era fã do Trem e queria muito fazer parte do grupo. Foi uma fase de muita realização e aprendizado no fluxo do prazer e da brincadeira. Aproveitei cada momento, estava onde eu queria estar, fazendo o que eu amava.
Fico muito feliz em sentir o carinho das pessoas até hoje, a gratidão que elas sentem por terem tido o Trem como porta voz da infância delas, a identificação com a alegria das músicas e as histórias que cantávamos. Eu acho maravilhoso ter festas onde as pessoas vão pra se divertir e se emocionar relembrando uma fase da vida que foi tão especial.
Como foi a experiência na novela “O Mapa da Mina” (1993)? A novela sofreu problemas de audiência, mas seu personagem, a intrigante Eva, se destacou e você foi apontada como a atriz que “roubava a cena” na trama. O que diria sobre isso?
A experiência foi marcante e muito importante para o meu amadurecimento como atriz. Agradeço a Denise Saraceni por este presente. Estava em uma novela com atores de primeira grandeza! Foi uma grande oportunidade que eu tive para aprender a linguagem de atuação para TV, e com os melhores. Estava ali envolvida na história e muito motivada e inspirada para dar vida à minha personagem, e claro, fiquei muito feliz com o reconhecimento, pois acho que ele vem quando conseguimos contar e envolver as pessoas na história.
Como tem sido o processo de “O Primeiro Musical…”? Cantar músicas que foram jingles é diferente de cantar músicas “normais”?
Está sendo muito intenso, um processo muito rico de muita troca e descobertas e inspirações… É um texto original do Rodrigo Nogueira e nele há jingles e clássicos de grandes musicais que separam e ao mesmo tempo unem um casal em crise. Sigo o que o diretor musical pede, e o Tony Lucchesi, nosso diretor musical, nos deu liberdade na interpretação. Acho que a diferença sempre está na interpretação que cada música pede.
Como foi interpretar um personagem tão icônico como a Sandy do musical “Grease”?
Foi maravilhoso e desafiador, pois o Danny e a Sandy são personagens que vão na linha do naturalismo (Sandy ainda mais) e todos os outros personagens tem características muito pontuais no físico, na roupa, no comportamento, suas emoções são mais externalizadas. Foi incrível poder viver uma personagem e uma história pela qual eu era apaixonada, e continuo ainda! É um grande clássico!
O que acha de musicais que criam histórias e alinhavam na narrativa músicas já existentes, como ocorreu em “Vingança”, no qual você atuou?
Se a história é boa, é bem contada, se as músicas dialogam com as emoções e os estados das personagens e se enriquecem a dramaturgia, acho perfeito! “Vingança” de Anna Toledo é uma obra prima.
Muitos atores / cantores que foram famosos na infância enfrentam dificuldades para continuar se mantendo na área artística depois que crescem. Você passou por isso? Como foi essa fase de transição para a carreira adulta?
Acredito que se você é um artista, você vai continuar vivendo da sua arte de um jeito ou de outro. Mas você tem que ter o dom pra viver a vida de artista. E vivemos em um país que, infelizmente, não valoriza a arte como deveria valorizar. São muitas as dificuldades que encontramos. Todos nós temos passagens difíceis na vida, mas as pessoas que estão na mídia ficam mais expostas e por isso são mais analisadas. Cada um tem uma criação diferente do outro, acho que tudo depende das escolhas que você faz e da sua base. Se você “está” e não “é”, certamente sua base é ilusória, e não terá estrutura para suportar as dificuldades e os desafios que existem em qualquer profissão. No nosso meio há o perigo do ego ficar à frente da arte. Muitos se perdem e não encontram o chão depois. Fui sempre em busca da minha evolução como artista / ser humano, fui e continuo indo ao encontro da essência do meu ofício, minha profissão não está separada da minha vida, é uma coisa só. Vivo e me sustento da minha arte. O que sempre me ajudou e o que me ajuda é estar no presente.
O Primeiro Musical a Gente Nunca Esquece
Theatro NET SP – Rua Olimpíadas, 360 – São Paulo
Quintas e Sextas – 21h | Sábados – 21h30 | Domingos – 20h
R$50 / R$100 / R$150
100 minutos
De 29 de outubro a 20 de dezembro
Como estão hoje os ídolos infantis dos anos 80 e 90
Créditos: Montagem/Reprodução