Marina Abramovic está em Miami. A performer mais famosa do mundo está com uma instalação no Miami Beach Convention Center, mas ela prefere não chamar nem de arte o que ela apresenta na Art Basel. Top of the Pops conversou com sua assistente, Paula Garcia, que explicou o que afinal eram aquelas camas dispostas em um pequeno espaço com cobertores em que as pessoas podem se deitar.
“Aqui não é um trabalho de arte, Marina não considera isto uma obra de arte, é um lugar para as pessoas relaxarem, isto é só um exercício para as pessoas poderem desconectar um pouco desta loucura toda aqui (da Art Basel)”, afirmou Garcia enquanto ajudava uma jovem a colocar seus pertences no locker e a deitá-la em uma cama confortável.
“Tem gente que está deitada aqui há horas”. Curiosos perguntam quanto tempo eles podem ficar nas camas. “O quanto você quiser”, responde a assistente. Ela conta que os fone, na verdade, são bloqueadores de ruídos como aqueles usados nas pistas de aeroporto, para que o som externo não invada a tranquilidade que se quer ter com este chamado “exercício”.
Enfim, é apenas uma ação promocional: “Estamos aqui pra promover o MAI (Marina Abramovic Institute) e levantar a grana para reformar o prédio que temos em Hudson, cidade a duas horas de Nova York. É um instituto para arte imaterial, estamos falando de performance, de teatro, de vídeo e da convergência de linguagens. Também iremos trabalhar com a comunidade e ver o que, através de um trabalho de arte, a gente consegue transformar o entorno”.
Além do Convention Center, o MAI está fazendo mais três ações pela cidade. No Design Miami e no Miami Design District, as pessoas ficam separando arroz de lentilha e na Fundação Nacional YoungArts, fazem um exercício chamado “slow motion walk”, que consiste em andar em ritmo bem lento. Todos fazem parte do chamado método Abramovic, que a artista desenvolveu a partir de suas performances e ações.
Entretanto, apesar de não considerar arte, Abramovic faz a obra mais poderosa da Art Basel. No tumulto dos colecionadores, na aflição dos galeristas por venda, na caça por famosos, para ver e ser visto, por alguns instantes (ou horas) se recusar a tudo isto deitando e nada escutando ou vendo é uma resposta radical e poética ao mundanismo e a banalização das feiras de arte.
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