Em plena época de crise, o príncipe William e Kate Middleton pretendem trocar a pompa associada normalmente a um casamento real por uma cerimônia mais adequada aos tempos atuais.
“Dissemos desde o princípio, desde que anunciaram o seu compromisso, que o príncipe William e Kate Middleton são muito conscientes da atual situação econômica”, disse à Agência Efe um porta-voz da Clarence House, residência oficial do príncipe Charles.
A julgar pelos preparativos, a monarquia britânica tenta agora adotar sutis mudanças para celebrar o primeiro grande casamento do século evitando ostentações, em claro contraste com a pomposa cerimônia de Charles e Diana, há 30 anos.
Apesar da boa intenção, a pergunta que muitos se fazem é se a proclamada austeridade econômica será um dos comentários predominantes no evento. Para começar, os agentes encarregados da segurança cobrarão o dobro de seu salário habitual no dia 29 de abril, decretado feriado pelo primeiro-ministro, David Cameron. A utilização destes agentes, segundo o jornal britânico “Daily Mail”, criará dificuldades para a polícia metropolitana.
De acordo com a publicação, os serviços de segurança devem custar cerca de 20 milhões de libras (22,4 milhões de euros), quantia que ultrapassa amplamente os 7,4 milhões de libras (8,3 milhões de euros) necessários para montar o esquema de segurança previsto para a reunião do G20 em Londres, há dois anos.
Ao mesmo tempo, os esforços do casal em seguir uma linha austera e uma imagem de modernidade nem sempre são compatíveis com a rigidez das pautas ditadas por uma tradição milenar.
Contudo, é preciso reconhecer que o número de convidados é relativamente baixo se for levado em conta que, em 1981, Charles e Lady Di festejaram seu casamento perante 3,5 mil convidados, enquanto 1,9 mil são esperados para a cerimônia do dia 29.
Por causa do evento, a avó do noivo, a rainha Elizabeth II, preparou os 19 salões do Palácio de Buckingham, onde será realizado o tradicional banquete. Cerca de 600 convidados, personalidades da vida pública e membros de outras Casas Reais, assistirão a uma recepção mais simples à base de canapés confeccionados pelo chef da cozinha real, Mark Flanagan, e sua equipe.
A galeria de pinturas, composta por valiosas obras de Rembrandt, Canaletto e Tiziano, foi o cenário escolhido para o corte do bolo de casamento feito para a ocasião pela famosa confeiteira britânica Fiorna Cairn.
O jantar mais íntimo e a festa, reservados para 300 convidados entre familiares e amigos mais próximos do casal, acontecerão em um dos salões de Estado adaptados como discoteca, representando outro gesto de modernidade.
Mais um distanciamento da tradição é o fato de a noiva ter preferido chegar à Abadia de Westminster na limusine Rolls-Royce Phantom VI em lugar de uma majestosa carruagem.
A família real, lucrativa fonte de receita turística, vai arcar, junto com os pais de Kate, com as despesas do evento – missa, banquete, música, flores, decorações e lua-de-mel -, enquanto os custos de segurança serão responsabilidade do governo.
Após a cerimônia religiosa, William e Kate seguirão para o palácio de Buckingham em uma carruagem de 1902 State Landau, puxada por cavalos, que será constantemente escoltada pela segurança real.
Embora muitos esperem ver neste casamento uma reedição do inesquecível enlace de Charles e Lady Di, o glamour foi a característica predominante de uma união que terminou em um escandaloso divórcio.
E se então o luxo marcou o tempo todo a cerimônia de 1981, e os noivos receberam mais de 6 mil presentes, inclusive, o do emir de Bahrein avaliado em 1 milhão de libras, William e Kate pediram a seus convidados, em sintonia com as preocupações atuais, que façam doações a organizações beneficentes.