(Por Sarah Corrêa) – "Será que criei um monstro?". E assim, Bruno Barreto, diretor do filme brasileiro "Última Parada 174", que tenta uma vaga ao Oscar 2009, questionou os presentes na pré-estréia de sua obra, que aconteceu na manhã desta sexta-feira, 10, em um shopping da capital paulista.
Mas, se me permite responder com a mesma humildade que a pergunta foi feita, não, Barreto. Seu filme não é um mostro. Por que seria? Talvez porque traz às telas a violência urbana vivida por dois garotos que se perderam por sorte do destino, ou por força da vida, de suas famílias.
Esses dois personagens têm suas vidas entrelaçadas por conflitos clássicos, "como o amor entre a mãe e o filho, a paixão entre um homem e uma mulher, e o sentimento de amizade entre irmãos", explicou o próprio Barreto ao Virgula.
E essa história foi construída para tentar explorar, na ficção, o que levou o jovem Alexandro a cometer o sequestro do ônibus 174, em 2001, no Rio de Janeiro. Nas mãos de José Padilha, o episódio virou um documentário. Mas barreto quis ir além. "Quando vi o trabalho de Padilha, fiquei chocado e com muitas perguntas em minha cabeça: "Por que uma mulher decidiu adotar um delinquente?". Então, na ficção tive a licença para construir a história do cara que sequestrou um ônibus, que párou o país", contou Barreto.
O resultado dessa investigação foi o misto de emoções que o telespectador é capaz de sentir ao sentar em uma poltrona e assistir "Última Parada 174". Na sequência inicial, a platéia é desafiada a permanecer na sala ou ir embora. A cena mostra uma mãe com seu bebê, Alexandro, vivendo em um barraco. Viciada em cocaína, a mulher devia para o dono da boca, Meleca, que por sua vez foi cobrar a droga vendida. Atordoado, o traficante ameaça quebrar o braço do neném se a drogada não pagasse o que tinha consumido. Como não podia pagá-lo, a mãe viu seu filho sendo levado pelo traficante.
É com esse ponta-pé agressivo que Barreto dá o tom de sua narrativa e constrói Ale, Alexandro ou apenas Sandro. O menino que viveu sob a influência do suposto pai malandro, que ensinou-o toda a arte da vida marginal. Mas sua história se confunde com a vida de outro Ale. E é nessa trama que o diretor conta como dois meninos largados nas ruas experimentam a miséria, alimentam seus vícios e ainda, assim, constróem relações de amor.
Mas a agressão aqui não diz respeito apenas as brigas mostradas na tela. Para Barreto, a agressividade emocional que seu filme passa é bem maior, até mais que a explorada nos já conhecidos "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, e "Tropa de Elite", de Padilha. "Esse filme é mais violento não do ponto de vista gráfico, mas emocional".
A partir de então, "o telespectador é convidado a se envolver na história e ir se identificando com cada personagem, mesmo que nunca tenha vivido situações parecidas", descreveu o próprio diretor. E não pense que se trata de mais um "favela moovie", como alguns críticos norte-americanos estão acostumados a dizer. "Falar que se trata de mais um filme sobre favelas é não ter a sensibilidade de entender como sofremos e, assim, como fomos formados", pontuou o diretor.
E a expectativa para o Oscar? "Bom, acho que consegui fazer um filme que emociona. Quem estuda cinema sabe que filme é bom quando emociona. Cumpri essa tarefa e os críticos da Acadêmia [do Oscar] gostam disso", resumiu Barreto otimista.
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