Sobre o uso indevido dos chamados cartões corporativos – disponibilizados aos políticos para gastos considerados "emergenciais", como o pagamento de diárias de hotéis e o aluguel de veículos -, o líder do MST foi enfático: “Não quero nem saber se estão gastando em lanchonete ou não. O que eu quero que me expliquem é por que 30% de toda a arrecadação nacional são repassados a bancos na forma de pagamento de juros. Duvido que alguém vá investigar as contas do Meirelles (Henrique Meirelles, presidente do Banco Central do Brasil desde janeiro de 2003)”.

A menção da gestão Lula, mesmo que implícita, suscitou o debate em torno do presidente petista. “Lula não é de esquerda e não se elegeu como fruto de uma grande mobilização de massa, ao contrário do que poderia ter ocorrido em 89. Acho que ele nem deve ter consciência desse contexto sóciopolítico”, afirmou.

Ao mesmo tempo em que criticava o petista, Stédile era só elogios à presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que teve, segundo ele, atuação exemplar na recente greve dos ruralistas. “Ela (Cristina) não se intimidou: mobilizou a sociedade e insistiu na criação do imposto de exportação para que parte da riqueza fosse distribuída para toda a sociedade, não só para esses ruralistas”. Em contrapartida, Lula “só pensa em convocar o povo quando é para bater palmas para ele nos comícios”, critica.

A repreensão ao governo petista por parte do líder dos sem-terra foge do convencional, visto que PT e MST sempre tiveram uma relação amigável e evitaram adotar discursos divergentes. “Não podemos viver puxando o saco e estabelecer uma relação promíscua com o governo. Isso leva à derrota da classe trabalhadora. O que temos que fazer é pressionar”, justificou Stédile.

Continua: Para ele, o povo tem mais força que o governo


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Tapioca paga com cartão é bobagem