(por Andréia Martins) – Na região central da cidade de São Paulo, um determinado quadrilátero pode ser apelidado de quadrilátero do pecado, demarcado pelas avenidas Duque de Caxias e São João e ruas dos Timbiras e dos Protestantes. Essa área ficou conhecida como Boca do Lixo, e teve diversas fases.

Na década de 70, o local era um pólo cinematográfico da cidade, concentrado no cruzamento das ruas do Triunfo e Vitória. A Boca do Lixo pode ser considerada o berço do cinema marginal, de diretores como Rogério Sganzerla e Júlio Bressane, entre outros, sempre permeados de muita sexualidade e escracho. Já na década de 90, a mesma região foi apelidada de cracolândia, e ao longo dos anos, concentrou prostituas e bandidos de todos os tipos.

Hoje, a cara da região está bem diferente, com prédios comerciais – entre eles a famosa galeria da Santa Efigênia – outros mais antigos e claro, as casas de prostituição que continuam habitando o local.

Para dar um novo ar à região, Associação São Paulo o Cinema e a Cidade quer fazer com que a Boca do Lixo seja vista com outros olhos pelos paulistanos. Fundada por Cariolano Rodrigues Mineiro, que prefere ser chamado de Rodrigo Montana, a Associação vai levar shows e sessões de cinema gratuitos para a região nos domingos de agosto.

Na Rua dos Gusmões, serão exibidos cinco filmes produzidos na própria região entre os anos 50 e 70, num telão de 25m. Entre as produções escolhidas estão A Grande Vedete (1958), protagonizado por Dercy Gonçalves, O Vigilante Rodoviário (1962), D"Gajão Mata para Vingar, dirigido por José Mojica Marins, e O Grande Xerife, com Mazzaropi, ambas de 1972, e mo último domingo, No Rancho Fundo (1971). As sessões acontecem às 18h e os shows, cujas atrações ainda não foram definidas, às 14h.

Montana não é apenas um espectador do cinema. No início dos anos 60, ele que é natural de Assis, no interior, veio pra São Paulo tentar a carreira no cinema. Atuou como figurante no filme Corisco, o Diabo Loiro, (1969) de Carlos Coimbra. Depois, foi ator e assistente de produção em filmes do gênero faroeste como Um Pistoleiro Chamado Caviuna (1971), Quatro Pistoleiros em Fúria (1972) e Trindad… é meu Nome (1973), todos dirigidos por Edward Freund, um polonês radicado no cinema da Boca.

Depois de trabalhar com outros diretores consagrados, entre eles José Mojica Marins, o Zé do Caixão, Montana começou a filmar, em 1979, o seu próprio filme, Rodeio de Bravos, cuja maior parte da história se passa na cidade de Barretos, no interior paulista. Mas, como a bola da vez eram as pornochanchadas, ele não teve muito sucesso.

Se tudo correr bem com seu novo projeto, a idéia de Montana e estender a programação para o mês de setembro. Além de ajudar os paulistanos a relembrarem dos tempos áureos da Boca, ele quer que a região pare de ser vista apenas ponto de drogas e prostituição. A memória mostra que a Boca do Lixo pode ser muito mais.

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SP: cinema e música dão novo ar à Boca do Lixo

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