Sabemos que é responsabilidade da imprensa a cobertura de fatos e casos de interesse público com imparcialidade e responsabilidade. Na teoria, a função é nobre e linda; na prática, porém, acompanhamos uma série de vacilos, erros e deslizes um tanto quanto questionáveis.

O exemplo mais recente é do portal GCN de Franca, que causou indignação nas redes sociais. Publicada nesta quinta-feira, 2, e retirada do ar no começo da tarde, a matéria em questão abordava uma denúncia de abuso sexual com a seguinte manchete: “‘Novinha’ transa com padrasto e provoca ‘barraco'”.

No link, a reportagem aborda a denúncia de menina de 13 anos em relação ao padrasto, caso que será apurado pela Delegacia de Defesa da Mulher (leia aqui). Um print dessa chamada absurda sugerida pelo portal GCN foi postado no Facebook por Nina Pimenta.

“Novinha transa. Novinha, com 13 anos. Com um cara de 46. Aliciador de menor, pedófilo. O jornal sensacionalista, baixo, machista, expõe a menina como culpada. NOJO! Vergonha desse jornalista e de toda a equipe que permite que um título nojento desses seja divulgado, com conteúdo tão baixo”, escreveu.

Com mais de 500 likes e 130 compartilhamentos, o post chamou a atenção dos responsáveis pelo conteúdo publicado no GCN.

“Olá. Obrigado pelos comentários críticos. Faz parte de qualquer segmento. Apontamentos são importantes para saber o que deu certo ou deu errado. Infelizmente o título da matéria provocou o desagrado e constrangimento. E honestamente a chamada não traduziu a gravidade do caso, que como foi ressaltado na matéria era um estupro e registrado na DDM. Por conta disso, a matéria foi retirada para análise criterioso do fato”, explicou Leandro Vaz, editor de conteúdo e estratégia no portal de Franca.

Esta não é a primeira vez que um caso de abuso e pedofilia é tratado como relação consensual por jornais e portais de imprensa, porém. Em fevereiro de 2016, o G1 chegou a tratar um caso semelhante como “encontro amoroso” e “sexo” – a vítima tinha 11 anos.

Manchetes como essas, além de absurdas e extremamente desrespeitosas, ignoram um crime que está configurado como estupro de vulnerável, de acordo com a Lei 12.015/09 do Código Penal, sobre casos que ferem a dignidade sexual do indivíduo.

Há também exemplos em que as vítimas são descredibilizadas, objetificadas e muito mais, para a nossa infelicidade.

Separamos abaixo outros exemplos de manchetes de sites, jornais e blogs que estamos cansados de ler. Se liga:

 


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Site associa estupro de vulnerável a ato consensual e é criticado nas redes

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