Ser heteroflexível é buscar liberdade; e isso ainda ameaça ideia de felicidade masculina (Foto: @arthurourso/CO Assessoria)
Durante décadas, a masculinidade foi sustentada por regras não ditas — e justamente por isso, tão rígidas. O que um homem deve sentir, desejar, assumir ou esconder nunca esteve escrito, mas sempre foi cobrado. Hoje, parte desse modelo começa a ruir, mas não sem resistência. Há quem tente redesenhar essa identidade de forma mais honesta e menos engessada. E, inevitavelmente, isso incomoda.
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Arthur O Urso, 36 anos, é um desses homens. Conhecido por manter relacionamentos poliafetivos — e por desafiar ideias convencionais sobre casamento, fidelidade e afeto —, ele acaba de romper mais uma barreira ao se declarar heteroflexível. “Sou um homem que se permite viver sem medo. Me recuso a ser reduzido a rótulos”, escreveu em suas redes sociais, com a mesma naturalidade com que já falou sobre dividir o teto com várias mulheres.
Heteroflexível é o termo usado por homens que se identificam majoritariamente com a heterossexualidade, mas não enxergam o desejo como algo fixo, definitivo ou binário. A palavra ainda provoca estranhamento — não apenas por ser pouco comum, mas porque ameaça um ideal cultural de masculinidade que ainda associa sexualidade à virilidade e controle.
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A revelação teve efeito imediato em sua vida pessoal. Uma de suas esposas pediu o divórcio. “Ela disse que não conseguia mais me ver da mesma forma. Foi doloroso, mas também foi um sinal. Um sinal de que essa conversa ainda assusta. Ser livre ainda assusta”, contou ele.
Para Arthur, não se trata de defender um novo rótulo, mas de se libertar da ideia de que um homem precisa caber em algum. O que ele propõe — ainda que sem didatismo — é a possibilidade de existir fora dos parâmetros esperados. Ele não quer se encaixar. Quer ter o direito de mudar, experimentar, dizer o que pensa, admitir o que sente — mesmo quando isso significa perder algo ou alguém.
“A masculinidade do futuro é honesta. E a honestidade, às vezes, exige romper com o que nos ensinaram a vida inteira”, afirma. A frase resume bem a tensão que muitos homens vivem, ainda hoje, entre o desejo de autenticidade e o medo de julgamento. Principalmente quando o julgamento vem de dentro da própria casa.
Arthur não busca cliques, nem aprovação. Sua existência — não normativa, mas sincera — já é suficiente para desconstruir expectativas. Não se trata de performance, mas de presença. E isso, para um homem, ainda é um ato radical.
Sem recorrer à caricatura nem à rebeldia ensaiada, ele ocupa um espaço raro: o de um homem que não tem todas as respostas, mas que parou de fingir. Um homem que, ao invés de felicidade encenada, prefere a liberdade real — mesmo quando ela custa caro.