“Eu rezei todos os dias”. Não havia mais nada a fazer depois que o estoque de água e comida chegou ao fim e que o motor do barco parou de funcionar, contou o cabo-verdiano Muctarr Mansaray, resgatado na costa do Maranhão no último fim de semana após passar 35 dias em alto mar junto a outros 24 imigrantes africanos. Eles beberam urina e água do mar para sobreviver.
Segundo informações publicadas no The Guardian, o grupo partiu do Cabo Verde em abril, com a esperança de que após uma viagem fácil e rápida, poderiam desembarcar no Brasil e encontrar um bom emprego. A promessa foi feita por dois brasileiros que também estavam na embarcação. Eles cruzaram o Atlântico a bordo de um catamarã de 12 metros. Não havia cabine para acomodar todas as pessoas no barco, o que significa que o grupo ficou exposto ao sol e condições naturais durante a travessia.
Os homens foram resgatados desorientados e desidratados. “Depois de 35 dias de viagem nessas condições, é muita sorte que ninguém morreu”, analisou Luis Almeida, responsável pelo departamento de imigração da polícia federal do Maranhão. Os dois brasileiros a bordo foram presos por promover imigração ilegal.