Os sebos não vendem apenas histórias, eles também têm as suas. Na antiga loja do Sebo Pamplona, conta Anderson Marcelo Sales, dono do sebo, havia um canto estranho, que deixava as pessoas tontas. Meu funcionário reclamou e eu não dei crédito. Até o dia que eu estava passando lá. Senti uma tontura e entendi o que ele quis dizer.
A história que Edgard Escobar Jr., dono do sebo Conto das Letras, conta não está nos livros que ele vende, mas fala de um livro que ele vendeu. Conta ele que comprou um lote de livros onde encontrou um muito peculiar, uma espécie de enciclopédia da merda. Um livro, digamos assim, de fotos e arte.
Era merda de todos os tipos. Muito difícil foi vendê-lo. Nem os compradores do amigo da onça o queriam. Até que um senhor, muito bem vestido, chegou e pediu: acho que você não vai ter, mas quero algo de muito estranho que me impressione. Edgard não pensou duas vezes. E o senhor, que junto com alguns amigos coleciona artigos estranhos, adorou e levou. Até voltou para pedir mais exemplares.
Uma conta peculiar que Frederico Zepelone, dono do sebo Alfarrabista Corsarium- Livraria e Sebo, me relatou assusta. Foram 1000 livros de uma vez só. Para uma só pessoa. Um homem interiorano que estava montando sua biblioteca. Ou um ântico reitor da Faculdade Casper Líbero, que comprou 200 livros numa só tacada. Um deles, que tratava de alguma inconfidência, era de 1870.
O fato é que eles podem estar velhos, umas orelhas aqui, uma falhinha ali, mas o importante é que conservam as idéias. Pode-se até fazer um paralelo com os vinhos, quanto mais velho, melhor. Nesse caso, o dos sebos e livros usados, quem vê capa, não vê uma lição.