“Ti adolo coisa totosa da minha vida! Vem aqui momô fofuxo, meu bebezinho”. Isso poderia ser papo de mamãe e bebê, mas, para muitos casais é um jeito “fofuxo” usado para se comunicar. Essa “língua” tem até nome: baby talk, que inclusive é objeto de estudos científicos.
O casal Ivana e Max, vivido pelos atores Letícia Isnard e Marcelo Novaes, tem roubado a cena na novela Avenida Brasil conversando como duas crianças do maternal, usando diminutivos, apelidos e palavras doces e melosas. Embora muita gente que assiste à trama se irrite e ache essa mania para lá de insuportável, o comportamento é muito comum na vida real. Mesmo que somente entre quatro paredes e que poucos gostem de admitir.
Uma pesquisa realizada nos EUA constatou que 75% dos participantes assumiu usar baby talk com sua cara-metade. Segundo os pesquisadores, essas pessoas demonstraram mais intimidade e segurança no relacionamento, além de terem vida sexual mais ativa.
Janaína Oliveira e o marido Glauco de Souza de 28 e 33 anos, estão juntos há quatro e são adeptos da prática: “Nos damos muito bem e somos muito felizes. O chamo de ‘mozinho’, ‘mozão’, ‘neguinho’ e tudo sempre com um tom de voz mais delicado do que falo com outras pessoas”, diz a recepcionista.
Segundo opinião do Professor Doutor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) Ailton Amélio da Silva, esse tipo de comportamento é natural e, embora cause certa estranheza em quem não o pratica, tende a ajudar o relacionamento, pois constrói um laço particular entre o casal. “Essa linguagem infantilizada é quase sempre usada exclusivamente num ambiente em que só estejam as duas pessoas. É uma maneira de demonstrar carinho e de criar uma comunicação particular do casal. A infantilização é uma forma até mesmo instintiva de não demonstrar ameaça e de instigar a proteção, o que ajuda bastante a criar vínculos”, explica o professor, autor de três livros sobre relacionamento.
Jacqueline Fernandes, 27 anos, comprova a tese do professor. Ela e namorado, que estão juntos há quatro anos e meio, sentem que ficam mais próximos usando o baby talk. “Não somos tão exagerados, mas gostamos de nos tratar com carinho. Eu o chamo de ‘grumete’ e de ‘fofinho’ e ele retribui com muito chamego”, diverte-se a publicitária.
A Professora Doutora do Departamento de Psicologia Clínica da USP, Leila Tardivo, pondera a normalidade do papo de bebê. Para ela, ele pode ser normal em alguns casos, mas em outros, pode funcionar como um artifício na comunicação para mascarar problemas entre o casal. “Ás vezes é preciso analisar se esse comportamento leva a uma falta de maturidade na hora de lidar com situações sérias”, diz a especialista.
E você, já chamou seu amor de bebê hoje?