Quando a remuneração não é o fator mais atrativo em uma profissão, o gosto pelo trabalho prevalece e as opções de emprego fogem da linha tradicional. O ganha-pão deixa de ser um “hobbie” extravagante e se transforma em estilo de vida de pessoas que fazem parte de um mercado de trabalho cada vez menor, onde a paixão pelo ofício supera a falta de oportunidades.

Trabalhando com conserto de pianos, Rubens Soares da Silva, de 49 anos, é uma das poucas pessoas que atuam no ramo. De acordo com o relatório de 2006 do Ministério do Trabalho e Emprego (MPE), apenas 37 pessoas trabalham como reparadores de instrumentos musicais no Estado de São Paulo e, entre elas, 22 atuam na capital paulista. Dessa forma, Rubens também se encontra à margem do mercado de trabalho.

Ingressou no ramo aos 14 anos como aprendiz em uma firma. Desde então, Rubens trabalha com reforma, conserto e comércio de pianos. Em seu pequeno estabelecimento com clima de oficina – que está funcionando há nove anos – ele disse, categórico, que o prazer é essencial no trabalho. “Tem que gostar muito para fazer o que eu faço”. Rubens afirmou que já ensinou algumas pessoas, mas o aluno também precisa ter paixão pelo emprego.

“Tanto o professor quanto o aluno precisam se dedicar para se dar bem nesse trabalho”, afirmou. Sobretudo, ele disse, categórico, que não cogita a idéia de deixar o conserto de pianos por outra profissão. “Essa é a minha vida, e não meu emprego”. Para Rubens, sua condição no mercado de trabalho não é excelente, e nem preocupante: é satisfatória. Ele, no entanto, destacou que não pretende ampliar os negócios.

“Não pretendo abrir outros estabelecimentos. Quem sabe ampliar a loja, algum dia? Seria o suficiente, não sei se daria conta de ter outra loja”, explicou. Ciente de que seu ramo não apresenta muitas condições de crescimento no mercado, Rubens não estava preocupado com o assunto. Segundo ele, o conhecimento do ofício não será passado para seus descendentes, apenas “para quem realmente quer aprender”.

A paixão pelo trabalho significa alegria para Rubens. Seu salário garante a subsistência, o que já é o bastante para ele. Contudo, o reparador de pianos garante que o movimento da loja é sempre intenso. “Estamos com bastantes pedidos agendados. Ainda mais, porque não trabalhamos apenas com o reparo do instrumento, também vendemos, trocamos… fazemos de tudo!”, disse Rubens, estampando um sorriso entre teclas, cordas e madeira.


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Rubens, o reparador de pianos

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