(Por Camila da Rocha Mendes) O pacote de socorro que estava em votação no Congresso dos Estados Unidos foi rejeitado, causando um dia de extremo nervosismo no mercado financeiro, levando a Bovespa a apresentar sua maior queda percentual em dez anos, nesta segunda-feira (29).
Os investidores se surpreenderam com a decisão, pois, no domingo (dia 28), parlamentares haviam anunciado que tinham chegado a um acordo. A Bolsa acentuou a queda depois da decisão da Câmara dos Estados Unidos de rejeitar o pacote de socorro a bancos, de US$ 700 bilhões.
O principal índice da bolsa brasileira fechou em recuo de 9,36%, mas chegou a atingir desvalorização de mais de 10%, provocando uma pausa nas negociações. A parada, conhecida no mercado como circuit break, durou 30 minutos, entre 14h49 e 15h19. O sistema é acionado quando o pregão atinge oscilações muito acentuadas, na tentativa de conter os ânimos e equilibrar o pregão.
Contudo, as Bolsas de todo o mundo já haviam iniciado negociações em forte queda devido ao anúncio de que alguns bancos europeus, da mesma forma que os norte-americanos, chegaram à beira do colapso. O estrago só não foi maior por que os Bancos Centrais da região agiram rapidamente disponibilizando recursos para salvar as instituições financeiras.
No mercado de câmbio, a reação ao insucesso do pacote causou forte valorização do dólar. A disparada de 5,99% levou a moeda norte-americana à cotação de R$ 1,9650, no maior patamar desde setembro de 2007.
Cenário internacional
O fracasso na aprovação do pacote anti-crise nos EUA também teve reflexos muito negativos em outros mercados financeiros. As principais bolsas norte-americanas encerraram com perdas históricas nesta segunda-feira (29), com destaque para o índice Dow Jones, que sofreu sua maior queda em pontos (778) da história do país.
Na Europa, as bolsas não ficaram imunes. Com os problemas que vieram à tona no setor financeiro, o continente se viu diante da prova de que foi contaminado pela crise norte-americana. Assim como seus colegas nos EUA, o primeiro ministro britânico, Gordon Brow, fez declaração prometendo que fará tudo que estiver ao seu alcance para garantir a estabilidade econômica.
Em uma tentativa de conter a derrocada de instituições financeiras, o Tesouro do Reino Unido comprou boa parte do banco Bradford & Bingley, pagando uma quantia aproximada de US$ 33 bilhões, e facilitou a venda de ativos da sua divisão de varejo para o espanhol Santander.
O banco belga Fortis, também em perigo de abrir falência, recebeu uma injeção de 11,2 bilhões, em uma operação envolvendo os governos de Luxemburgo, Bélgica e Holanda. Já na Alemanha, a segunda maior instituição concessora de crédito imobiliário, o Hypo Real State recebeu garantias de financiamento junto ao governo no valor de 35 bilhões.
Sendo assim, as Bolsas da Europa fecharam em queda acentuada. A de Londres despencou 5,3%; a de Paris, 5,04%, e a de Frankfurt, 4,23%.
Plano ainda em pauta
O secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson, anunciou, em declaração oficial, que usará todas as ferramentas disponíveis para proteger o sistema financeiro de um colapso.
Segundo informações da Casa Branca, o presidente norte-americano, George W. Bush, disse que ficou "muito decepcionado" com o fracasso e confirmou que se reunirá com seus assessores para determinar os próximos passos a serem dados.