Ativistas do Femen protestam pelo mundo em busca por igualdade de gêneros
No último sábado (18) a organização feminista Femen na Ucrânia, país que sedia a matriz do movimento, declarou o fim de suas relações com seu braço brasileiro, liderado pela ativista Sara Winter. A ucraniana Alexandra Shevchenko, uma das fundadoras do grupo feminista, acusa Sara de não cumprir orientações da matriz e ficar com dinheiro destinado a protestos.
Em entrevista ao Virgula Lifestyle, Sara Winter, de 20 anos, rebateu as acusações e afirmou que o Femen Ucrânia tinha uma postura ditatorial e que solicitava protestos absurdos que não respeitavam a cultura local:
“O Femen tem ideias que não se aplicam a todo tipo de cultura. Nos fizeram vários pedidos inescrupulosos de protestos. Não posso contratar um helicóptero e pichar o símbolo do movimento no peito do Cristo Redentor. Isso é inviável aqui no Brasil, ao invés de ganhar apoiadores, vou conquistar a ira do povo brasileiro. Elas precisam começar a respeitar a cultura alheia. Nos pediram também para colocar uma cruz de madeira no meio de alguma metrópole como São Paulo ou Rio de Janeiro e serrá-la da mesma forma como elas fizeram em Kiev”, declarou.
Quanto às acusações de apropriação de dinheiro do movimento, Sara afirma serem mentirosas: “Tenho todas as notas e comprovantes dos gastos do Femen Brazil. Essa acusação de que eu tenha me apropriado de dinheiro do movimento não tem o menor cabimento”, disse.
Segundo Sara, o movimento se manifesta de maneira superficial: “Elas não tem conhecimento político muito avançado e nem sequer sobre o feminismo elas sabem. Elas estão mais preocupadas com a ação e muito pouco com a teoria. Acho que a teoria necessita ser ensinada para que possamos nos manifestar de maneira mais eficiente. As ucranianas nunca se preocuparam em conhecer as ativistas brasileiras”, disse.
Sara disse ainda que ela e os membros remanescentes do extinto Femen Brazil se organização em breve para a criação de um novo grupo. Segundo ela, não está descartada a possibilidade do uso de topless, uma das assinaturas dos protestos do Femen, para suas manifestações:
“Estamos discutindo sobre o novo movimento e não sabemos se será ou não algo midiático. Se for midiático continuaremos com o topless, mas abordaremos as causas de maneira mais inteligente, não apenas tirando a blusa e invadindo os lugares. Tentaremos trabalhar com apresentações teatrais, intervenções sociais para cada causa”, declarou.
Segundo nota oficial publicada na fanpage do movimento brasileiro, o grupo permanecerá ao lado de Sara e se afastará do Femen definitivamente. Confira comunicado completo do Femen Brazil:
Como um grupo, decidimos permanecer unidos após os últimos acontecimentos.
Entendemos que nossas ideologias são muito diferentes do grupo ucraniano, mas iguais entre nós, do Brasil. Não tínhamos ideia sobre o que realmente acontecia “por trás da cortina”.
Acreditávamos que o Femen era um movimento do bem. Um movimento que poderia crescer no feminismo, que poderia melhorar com a nossa ajuda. Todos nós pensávamos que, além do marketing, o Femen tratava-se de um movimento feminista, que levava igualdade para os quatro cantos do mundo. Até porque foi nessa honestidade que a gente trabalhou aqui no Brasil. Em hipótese alguma usamos métodos que segregassem pessoas, sejam como elas fossem! Azuis, marrons, laranjas, triangulares ou quadradas… nunca houve classificação de pessoas por nós do Brasil.
Entendemos e apoiamos as ações da ativista Sara Winter. Compreendemos que os erros foram cometidos na esperança de fazer o certo. Na esperança de poder cumprir com seu trabalho social. Afirmamos que Sara Winter nunca agiu de má fé. Sara Winter nunca usou sua influência ou apelos para conseguir dinheiro de nós. Todos os protestos foram realizados, se não com ajuda do Femen, com a nossa própria ajuda, pois acreditávamos na causa. Nunca nenhum dinheiro destinado ao ativismo foi desviado para fins pessoais. Nossas decisões eram tomadas horizontalmente por todos os membros da equipe, ativistas e colaboradores por meio de votação e opinião.
Enxergamos somente agora que o movimento Femen trata-se de uma empresa que quando percebe que seus lucros estão ameaçados, não vê problemas em cortar quem atrapalha.
Nós do Brasil, não compartilhamos as mesmas ideias segregatórias do Femen. Entendemos cada ser humano como único e especial e aceitamos todas as diferenças. E, por não querer nos aliar a outro ditador (tudo o que a gente sempre lutou contra), dizemos que NÃO IREMOS REPRESENTAR O FEMEN NO BRASIL!
O Femen pretende reinstalar-se no país e seguir com seu trabalho. Podemos afirmar que elas desejam os holofotes da Copa das Confederações e da Copa do Mundo. Não há preocupação da parte do Femen por questões sociais ou em conhecer nossa cultura, nosso povo e nossos problemas e nem mesmo respeitá-los individualmente.
Dizemos também que lutaremos contra o Femen! E vamos resistir. Não queremos um falso movimento feminista, controlado por ditadoras no nosso país.
Nós queremos nos desculpar com todos os coletivos feministas, movimentos sociais e pessoas que ofendemos com nossas ações, protestos e equívocos. Nossa intenção realmente era poder espalhar de maneira universal e local as ideias do feminismo através do compartilhamento de informação em massa que a mídia produz.
Também repudiamos o Femen por descreditarem todo o esforço das ativistas brasileiras. Todos nós entramos de cabeça nessa ideia com as melhores intenções e demos nosso máximo pelo movimento e sua propagação. Corremos grandes riscos para poder espalhar as ideias do Femen no Brasil, perdemos grandes oportunidades de futuro por conta da ficha criminal, entre outras coisas, logo gostaríamos de salientar aqui que nossa intenção foi pura e verdadeira de lutar por uma causa.
Pretendemos criar um novo movimento. Um movimento focado em pessoas. Um movimento horizontal, transparente e verdadeiro, que acolha e respeite as diferenças. Se, outrora não tínhamos autonomia para tomar decisões, hoje temos e damos o nosso grito de independência! Declaramos guerra contra qualquer coletivo ou movimento que prejudique ou engane pessoas.
Nós nos desculpamos com todos aqueles que acreditaram em nós e gostaríamos de pedir para que não desacreditem. Nossas intenções são as melhores, são de luta e de mudanças sociais.
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