Segunda-feira (1) é o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, e como não podia ser diferente, diversas campanhas de prevenção estão sendo lançadas. A atitude é super bacana, tudo bem, tudo legal, mas nem tudo são flores: Uma dessas campanhas, a criada pelo partido de oposição da Argentina, PRO, errou (e muito) na abordagem. O cartaz de divulgação traz a imagem de uma vagina sendo fechada por um zíper com o laço vermelho é símbolo da luta contra a AIDS. A mensagem passada, apesar de não estar escrita em palavras, é bastante clara: “Mulheres, deixem de fazer sexo para evitar que o vírus HIV seja transmitido”.
O absurdo e o ódio às mulheres que são escancarados na campanha não poderiam passar despercebidos, tendo gerado muita polêmica e muitas críticas. Uma delas é ao dirigente da associação Devenir Diverse, Martín Apaz: “Este folheto é misógino e estigmatizante para a sexualidade da mulher e muito equivocado em termos de saúde. É preocupante que isso tenha sido difundido por um partido que pretende governar”.
Outro partido de oposição, o UCR, fez uma cartaz com uma contra-campanha, em que, nas mesma pegada gráfica, mostra uma cabeça masculina sendo aberta com um zíper, sugerindo que essas ideias ultraconservadoras (além de extremamente preconceituosas) sejam deixadas de lado.
A repercussão foi tanta que o advogado do partido responsável, Yamil Santoro, escreveu em seu Twitter, tentando consertar a situação: “O flyer que gerou debate foi uma tentativa de colaborar com o debate sobre a AIDS”. Mas acabou se equivocando com o tuíte seguinte que dizia “Podemos debater se a imagem é ou não a mais conveniente, mas me parece aproveitável a iniciativa de conversar sobre o tema”.
Parece que ele não percebeu que o problema não é uma simples imagem ruim, mas sim um discurso que aprova e justifica toda a opressão sofrida pelas mulheres durante séculos, afinal, pra que falar sobre a importância do uso de camisinha, se você pode culpabilizar as mulheres pelas DSTs e restringir sua vida sexual?