A estréia do longa Rio e em São Paulo na última sexta-feira saciou aqueles que conseguiram controlar aos impulsos e não compraram o DVD pirata. Contrária à parcela do público que apóia as ações do Capitão Nascimento, a pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, Viviane Cubas, alerta ao Virgula que esta forma de combate ao crime “é uma fábula e não reduz os índices de criminalidade”.

No filme, Capitão Nascimento procura um sucessor para exercer o comando do batalhão. Justamente esse aspecto traduziria o fracasso do grupo na diminuição da violência. “As ações se baseiam na eliminação de pessoas. O problema é que sempre tem alguém para substituir, seja na polícia ou no outro lado”, afirmou Cubas.

A aceitação de parte da população frente às ações do grupo seria justificável através do aspecto de segregação exposto entre as cenas. Nas imagens de tortura os oficiais sempre estão na favela. “As situações arbitrárias foram apresentadas em casos específicos em que a vítima, na maioria dos casos, é negra e pobre”, lembra a pesquisadora.

A idolatria formada após a circulação dos registros cotidianos do BOPE causou polêmicas no país. “É bom lembrar que o filme é feito exclusivamente sobre a ótica dos policiais”, recorda Cubas.


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Pesquisadora da USP: ação do BOPE é uma fábula