Wagner Moura, que está adaptando para o cinema a biografia Carlos Marighella escrita por Mario Magalhães, falou ao jornal O Estado de S. Paulo sobre a polêmica em torno da proibição de biografias não autorizadas. Para ele, o grupo Procure Saber pode lutar pelo direito à privacidade.
“Eles têm totalmente esse direito. Chamar isso de censura é ser um pouco alarmista. Como todo mundo está comparando com os EUA, vou dizer uma coisa: lá, se alguém publica algo que não é verdadeiro, um processo contra o autor pode falir uma editora. A lei é levada a sério”.
Wagner Moura estreia na direção com a cinebiografia. Ele diz ainda que, apesar de ser autorizada, a biografia do guerrilheiro Marighella não é “chapa branca”. “A ‘chapa-branquice’ depende do caráter do escritor que se arrisca a fazer um livro desses. A biografia de Marighella, por exemplo, teve autorização da família e nem por isso é chapa-branca. Posso dizer até que é um dos trabalhos jornalísticos mais extraordinários que eu já li”.
Debate
A repercussão em torno do caso das biografias ganhou força após uma entrevista de Paula Lavigne, ex-mulher e empresária de Caetano Veloso, ao jornal Folha de S. Paulo. Paula é porta-voz da associação Procure Saber, integrada por Caetano, Djavan, Chico Buarque, Gilberto Gil eRoberto Carlos, entre outros músicos.
O grupo luta para impedir que seja aprovado um projeto do deputado Newton Lima (PT-SP), que tramita no STF e no Congresso Nacional. O projeto pede uma mudança no Código Civil brasileiro, por meio de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, referente aos artigos do Código Civil que permitem o veto de biografias não autorizadas pelos biografados ou suas famílias. Para Newton, tais artigos ferem a liberdade de expressão e de imprensa.