(por João Carvalho) Cinco jovens amigos alimentam o sonho de serem músicos de sucesso fora do país. Esse sonho é comum a muitos jovens de várias gerações, inclusive a da bossa nova. E esse é o foco do novo longa-metragem do cineasta Walter Lima Jr: "Os Desafinados". Lima Jr. não rodava um longa desde A ostra e o vento, de 1997 com Leandra Leal e Lima Duarte.
O eixo principal do enredo de Os desafinados acontece em 1962, quando um produtor cultural norte-americano aporta no Rio de Janeiro para selecionar novos talentos. E é aí que entram os cinco jovens: Joaquim (Rodrigo Santoro), PC (André Morais), Geraldo (Jair Oliveira), Davi (Ângelo Paes Leme) e Dico (Selton Mello). Os quatro primeiros são integrantes do conjunto Rio Bossa Cinco, que seguem para Nova York e levam junto o aspirante a cineasta Dico, que retrata o dia a dia dos músicos que sonham em tocar no Carnegie Hall, ao mesmo tempo em que alfineta a alienação e falta de conteúdo nas músicas que só falam de belas paisagens e amores da bossa nova.
O filme aparenta ser um balanço entre dois mundos diferentes co-habitando uma mesma realidade: a da bossa nova que procurava mostrar ao mundo o país que o Brasil sonhava ser e a do cinema novo, que mostrava ao Brasil aquilo que o país queria que permanecesse escondido. E esse discurso complexo é conduzido pela música, tendo então uma leveza que só uma canção de bossa nova consegue ter.