(Da redação) A partir do dia 1º de janeiro de 2009 passam a vigorar as novas regras estabelecidas no Acordo Ortográfico de 1990. Na prática, trata-se de uma reforma na ortografia para unificar a escrita dos oito países de língua portuguesa – Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal.



A discussão acontece desde 1994, mas o Brasil sempre adiou a utilização das novas regras. Até que depois de inúmeras discussões no Congresso, na Comissão de Língua Portuguesa (Colip) do Ministério da Educação, e na Academia Brasileira de Letras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto que estabelece as mudanças na ortografia.



O Brasil é o primeiro país a implementar as regras oficialmente. Até o final de 2012, as novas grafias vão coexistir com as antigas. Então, a partir do dia 1º de janeiro de 2013, somente as novas formas serão aceitas.



As mudanças serão mais significativas em Portugal, já que 1,6% das palavras serão alteradas. No Brasil, o percentual está em 0,5%.



Mudanças



– O alfabeto vai incorporar as letras K, W e Y, e ficará com 26 letras



– A trema vai desaparecer. Palavras como lingüiça, agüentar e pingüim serão escritas com a seguinte grafia: linguiça, aguentar e pinguim. A trema só existirá em palavras de origem estrangeira.



– Os ditongos abertos éi e ói de palavras paroxítonas não recebem mais o acento. Por exemplo, andróide fica androide, asteróide fica asteroide, Coréia vira Coreia, geléia fica geleia.



– É eliminado o acento circunflexo quando dois “os” ou dois “es” ficam juntos. Ou seja, vôo fica voo e lêem vira leem.



– No caso dos verbos TER e VIR, a acentuação que diferencia o singular do plural continua a existir. Por exemplo: ele vem/eles vêem; ele tem/eles têm; ele contém/eles contêm.



– Na grande maioria dos casos, os acentos que diferenciavam palavras homônimas deixam de existir. No caso, “pára” (do verbo parar) fica apenas “para”. E “pêlo” (substantivo), “pélo” (verbo pelar) são escritos igual a preposição “pelo”, sem nenhum acento. São exceções os acentos que distinguem "pode" (presente do verbo poder) de "pôde" (pretérito perfeito do mesmo verbo) e “por” (preposição) de “pôr” (verbo). Passam a ser facultativos acentos diferenciais nos seguintes casos: “dêmos” (presente do subjuntivo, primeira pessoa do plural) e “demos” (pretérito perfeito, primeira pessoa do plural), “forma” e “fôrma” e nos verbos onde pode haver confusão entre o pretérito perfeito e o presente do indicativo, como “amamos” (pretérito perfeito) e “amamos” (presente).



– Cai o acento do "i" e "u" tônicos dos hiatos em paroxítonas, quando precedidos por ditongo: “feiúra” passa a ser “feiura”, por exemplo.



– Desaparece a maioria dos hífens em palavras compostas. “Pára-quedas” vira “paraquedas”, “co-autor” vira “coautor”, e “contra-regra” fica “contrarregra”. O que fica confuso nesta regra é que, por exemplo, a palavra “circunavegação” ganha hífen e fica “circum-navegação”. Além disso, será mantido o hífen em palavras compostas cujo segundo componente começa com h, como “pré-história”. Nesse caso, a exceção são os prefixos “des” e “in”: “desumano”, “inábil”, “inumano” ficam como são. Em substantivos compostos onde a última letra da primeira palavra e a primeira letra da segunda palavra são as mesmas, será feita a introdução do hífen. Assim, “microondas” vira “micro-ondas”. A exceção é “cooperar” e “coordenar” que continuam do mesmo jeito.



(com informações do Estadão)

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Ortografia: Novas regras deverão confundir os brasileiros