(Por Claudia Assef) O Curioso Caso de Benjamin Button é um daqueles filmes que ficarão na sua memória por muito tempo. Lembra uma versão feminina de Peixe Grande, graças a fatores como a contadora de histórias no leito de morte, as belas imagens que costuram cada etapa das vidas dos personagens e a delicadeza que permeia as relações entre eles.
Baseado em conto homônimo de F. Scott Fitzgerald, escrito na década de 1920, o filme conta a história de Benjamin Button, personagem marcado por uma bizarra doença: ele nasce com aspecto e doenças de um velhinho 80 anos e vai rejuvenescendo com o passar do tempo.
Dirigido por David Fincher (O Clube da Luta), o filme traz Brad Pitt no papel-título, dando um banho de boa atuação. Debaixo de maquiagem pesada durante a maior parte do filme, ele é o narrador da história que começa em New Orleans, sul dos EUA, no final da Primeira Guerra.
Desenganado quando bebê, o jovem-velhinho dá um olé no destino e descobre que, ao contrário do que acontece com todo mundo, vai diminuindo de idade com o passar dos anos. Abandonado pelo pai biológico, que o considera uma aberração, ele é adotado por Queenie, cozinheira de um asilo. Uma mão na roda, pois ali a criança com corpo de idoso se sente em casa, ao lado de seus amiguinhos da terceira idade.
Com a aparência de um senhor de 60 e tantos, ele entra na adolescência, e acompanhamos seu primeiro porre, sua primeira transa com a única prostituta do bordel que topava fazer um vovô e sua primeira paixão, pela então menininha Daisy (Elle Fanning), a única que saca que dentro daquele corpo senil havia uma criança.
Os anos passam, e Daisy e Benjamin vão caminhando para a mesma idade. Visitante frequente do asilo, onde ia visitar a avó, Daisy vai percebendo e curtindo as mudanças em Benjamin. Assim como acontece em Peixe Grande, o filme costura com primor histórias paralelas de personagens secundários, que se relacionam principalmente com Benjamin em suas aventuras pelo mundo como todo adolescente, ele sente o ímpeto de sair de casa e ver as coisas com os próprios olhos.
Em vez de cansar, as muitas voltas do filme te jogam pra dentro da história e acompanham o rejuvenescimento do personagem central, até que ele atinja o auge de sua forma física e passe a tirar o fôlego da parte da plateia interessada em lembrar de cenas antológicas de Brad Pitt nos tempos de Thelma & Louise. Se foi Photoshop ou malhação intensa, pouco importa. A gente agradece.
Na ala feminina, o filme também está muitíssimo bem amparado. Na fase adulta, Daisy, interpretada por Cate Blanchett, se torna uma bailarina profissional, culta e moderna. Durante a fase entre desencontros de Daisy e Benjamin, você se pega torcendo pelo amor dos dois como se fosse final de novela.
Atravessando décadas com impecável direção de arte e costurando histórias lotadas de emoção sem cair na pieguice, o diretor David Fincher cravou uma obra-prima. Imperdível.
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