(Da redação) Embora sofra algumas variações em diferentes países, a média normal do nascimento de gêmeos é de uma em cada 80 gestações. Mas na cidade de Candido Godoi, no Rio Grande do Sul, a proporção é de um nascimento duplo a cada cinco. Agora o historiador argentino Jorge Camarasa aponta uma possível causa para o fenômeno, até então inexplicado: o médico nazista Joseph Mengele pode ter feito ali experiências genéticas.
A teoria, embora polêmica, tem fundamento. O chamado Anjo da Morte, ex-responsável por testes no campo de concentração de Auschwitz, realmente esteve na cidade, exatamente na época de sua fundação, e pouco antes do nascimento dos primeiros gêmeos, em 1963. Ao fugir da Alemanha, ele foi primeiro para a Argentina, mas depois passou a circular também pelo Paraguai e Brasil, onde morreu afogado, em 1979.
Camarasa esteve em Candido Godoi e, em conversas com moradores mais velhos, ficou sabendo que Mengele chegou à cidade se apresentando primeiro como veterinário, e depois prestando atendimento médico a mulheres. Ele ia até a casa das pacientes, acompanhava suas gestações e muitas vezes dava a elas uma espécie de poção líquida e comprimidos que ele mesmo levava, conforme o argentino explica no livro Mengele: o Anjo da Morte na América do Sul.
Durante esse tempo, mesmo tratando das mulheres, ele continuava cuidando dos animais da comunidade, e chegou a aplicar injeções em vacas e dizer aos fazendeiros que era capaz de fazer com que elas tivessem bezerros gêmeos. O alemão também mencionava inseminação artificial, em uma época em que a técnica ainda não era conhecida.
Mengele se apresentava como Dr. Rudolph Weiss, e era bastante estimado pela população local, por sua educação e dedicação aos pacientes. Apenas depois de muitos anos os moradores de Candido Godoi ficaram sabendo que o bondoso médico que conheceram era, na verdade, um nazista foragido.
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