Crime e humilhação. O que pode parecer título de romance de Jane Austen versa sobre a triste e vergonhosa situação enfrentada por Jake Falchi na tarde da última quarta-feira (28). A maquiadora de 31 anos foi impedida de entrar na clínica de depilação Millanea, localizada no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, sob a alegação de que era um homem. Acostumada com esse tipo de “confusão de gêneros” por causa do visual andrógino, Jake levou o primeiro impedimento no bom humor e reafirmou que realmente era uma mulher. Como se o constrangimento não fosse o bastante, a atendente (do sexo feminino!) completou dizendo que também não atendiam homossexuais. Devastada com a agressão, a jovem deixou o local chorando. Nesta quinta (29), ela publicou um longo e contundente depoimento sobre o caso nas redes sociais. Veja abaixo:
Em entrevista exclusiva ao Virgula, Jake Falchi revela que morou por 3 anos no bairro e que já tinha sido atendida normalmente na mesma clínica de depilação pelo menos 10 vezes (!) durante esse tempo. “A recepcionista me impediu de entrar no local. Não sei o que ela pensou, mas foi um leque de preconceito muito grande. O que mais eu tinha que fazer para comprovar que sou mulher? Será que tinha que mostrar meu órgão sexual pra convencê-la? Apesar de haver uma testemunha na hora da agressão, ninguém interveio”, disse.
“Vou tomar medidas legais sobre o ocorrido. Mas agora essa briga não é somente pelo que aconteceu comigo. Quero representar as outras muitas pessoas que sofrem todos os dias com esse preconceito e agressão, sendo que algumas delas chegam a sofrer violência física”, finalizou.
Nas redes, várias pessoas se mostraram revoltadas com a situação. Elas deixaram mensagens de apoio e compartilharam aos montes a história de Jake. Procurada pela nossa reportagem, a clínica Millanea não quis se pronunciar sobre o caso de Jake, embora tenha reiterado grosseiramente que no local não são prestados serviços a homens e homossexuais.
Homofobia ou transfobia (que é o preconceito e aversão às mais diversas minorias sexuais) é CRIME! A repulsa e o desrespeito a diferentes formas de expressão sexual e amorosa representam uma ofensa à diversidade humana e às liberdades básicas garantidas pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e pela Constituição Federal. São Paulo possui uma lei estadual (nº 10.948/2001) que penaliza a prática de discriminação ou recusa de atendimento por orientação sexual nos estabelecimentos.
Seja você homossexual, bissexual, travesti ou transexual e for vítima de discriminação por isso, saiba que deve exigir seus direitos e registrar um Boletim de Ocorrência. Atualmente, o Disque 100 funciona como um número de telefone destinado ao recebimento de denúncias sobre pedofilia, abuso de crianças, trabalho infantil e também homofobia. Há em São Paulo uma Delegacia especializada em Delitos de Intolerância (Rua Brigadeiro Tobias, 527, 3º andar, Luz/ (11) 3311-3556/3315-0151 – Ramal 248).
Você também pode fazer uma denúncia pessoalmente, por telefone ou carta à Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania de SP, sem necessidade da presença de um advogado; ou se preferir, poderá apresentar a sua denúncia no Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania da Defensoria Pública do Estado.
Veja mais na galeria abaixo mais mensagens de apoio ao caso:
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Créditos: Reprodução/ Facebook