O Exército Brasileiro mantém uma série de onças em cativeiros nos quarteis localizados nas proximidades da floresta amazônica. Elas costumam ser adotadas após serem resgatadas das mãos de caçadores. Um desses felinos, Juma, foi utilizado como uma das atrações durante a cerimônia de recepção da tocha olímpica em Manaus, capital do Amazonas.
Acorrentada, Juma foi exibida pelos militares durante o evento e posou involuntariamente para fotos ao lado do fogo olímpico. Junto com ela, estava outro representante da espécie, Simba, que também foi preso e forçado a participar da cerimônia.
Logo após a exibição, Juma fugiu e, segundo a versão oficial do Exército, avançou em um soldado e foi abatida com um tiro de pistola. Foi o bastante para que as pessoas manifestassem sua indignação com mais um caso envolvendo o assassinato de um animal selvagem, supostamente treinado para conviver com humanos.
Como se não bastasse, Juma é uma onça-pintada. A espécie é uma das mais ameaçadas de extinção da Amazônia, segundo o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), que está apurando o caso. Já o Ibama registra o animal como ameaçado desde 2003.
A primeira pergunta que veio à tona para muitos foi: o que Juma estava fazendo em um evento como esse?
QUAL O SENTIDO DE LEVAR UMA ONÇA PRA UMA CERIMONIA DE CARREGAR UMA TOCHA?
— Dani Pineschi (@DaniPineschi_) June 21, 2016
O ator Marcelo Medici também mostrou sua indignação.
A onça não tinha nada a ver com essa palhaçada, tentou fugir e acabou morta. #shame #olimpiadas2016 pic.twitter.com/JalhAhMcYa
— Marcelo Medici (@marcelomedici) June 21, 2016
Em nota, o Comando Militar da Amazônia relatou que a fuga de Juma aconteceu nas dependências do zoológico da instituição. Veterinários e agentes de segurança se mobilizaram para resgatar a onça com vida, utilizando tranquilizantes. Muito nervosa, Juma não teria respondido ao remédio da forma esperada e avançou em um soldado. “Como procedimento de segurança, visando a proteger a integridade física do militar e da equipe de tratadores, foi realizado um tiro de pistola no animal, que veio a falecer”, completa o comunicado.
Exército não tinha autorização de órgãos ambientais para exibir animal na cerimônia
O Ibama criticou a postura do Exército de permitir que um animal silvestre fosse utilizado no evento sem sua autorização. “É muito lamentável e triste por que esses animais estão sendo expostos nisso. O Ibama não autorizou a participação de animais em eventos, isso é uma atribuição do Ipaam”, disse o órgão ao site Amazônia Real.
Ao mesmo site, o Ipaam afirmou ter autorizado apenas a participação de Simba após analisar o pedido do Exército. A presença de Juma ocorreu sem liberação do órgão, o que tornaria o procedimento todo ilegal.
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