A mentira é um comportamento do ser humano que não apenas é considerada normal, mas muitas vezes até necessária para a vida em sociedade, por isso não se pode considerar todas as mentiras da mesma forma e com o mesmo peso.
O Dr. Daniel Sócrates, psiquiatra, fala que as chamadas “mentiras sociais”, são aquelas, por exemplo, que falam que o cabelo da amiga ficou ótimo mesmo estando horrível – não são problemas de saúde psíquica desde que não traga danos sérios para outras pessoas.
“No entanto, como qualquer outro comportamento, se for excessivo e se causar prejuízo ou sofrimento (ao mentiroso ou ao outro), pode-se dizer que o mentir é patológico. Além disso, deve-se levar em consideração os sentimentos, pensamentos e propósitos que acompanham a mentira“, fala o especialista.
Os mitômanos (mentirosos compulsivos) sempre sabem, no fundo, que o que ele diz não é totalmente verdadeiro, embora não possuam consciência plena da intenção de cada conto. “A mentira representa uma característica inata da personalidade. Para identifica-las, Sócrates alerta que as histórias contadas tendem a apresentar o mentiroso sempre favoravelmente“.
E porque uma pessoa mente?
Na infância: Devido a imaturidade mental, as crianças podem mentir com alguma recorrência e muitas, tem dificuldade de enfrentar algumas frustrações e críticas e acabam mentindo para os pais na tentativa de preservar sua auto imagem.
Essa característica só assume um caráter patológico quando a criança inclinada à mitomania constata que sua mentira pode ser entendida como verdade sem nenhuma consequência negativa associada. Por outro lado, um sentimento de prazer e de poder pode facilmente incitá-la a repetir o mesmo comportamento.
À medida que os colegas acreditam em suas histórias e ela começa a se sentir aceita e interessante, o mitômano passa a contar cada vez histórias mais incríveis e a tornar disso um hábito com a repetição do comportamento de mentir sem nenhuma finalidade específica. Esse distúrbio pode ter origem na baixa auto estima da criança e na supervalorização de suas crenças, com o não enfrentamento da angústia ou frustração associada a uma situação.
Na vida adulta: As pessoas podem mentir por diferentes motivos e existem vários tipos. A chamada “mentira convencional” é aquela que faz as pessoas dizerem “Bom dia” às outras, sem que se esteja realmente desejando que elas tenham um bom dia.
Existe ainda a “mentira carinhosa”, que faz os adultos inventarem histórias como o Papai Noel para alegrar as crianças. Ou um tipo de mentira bondosa que consola um familiar à beira da morte, com um “Vai ficar tudo bem!”. Ou ainda a chamada “mentira branca”, quando, por exemplo, alguém pergunta se a outra pessoa gostou do seu novo corte de cabelo e essa diz que sim, mesmo não tendo gostado. Nesse caso a verdade seria uma tremenda grosseria e não traria benefício nenhum.
Além dessas mentiras sociais, também existem aqueles que floreiam uma história ao contá-las, para torná-la mais engraçada ou para atrair a atenção dos espectadores. Todas essas mentiras são comuns e não são consideradas ruins justamente por serem esporádicas e não causarem prejuízo ao outro.