Muitas pessoas ainda não sabem, mas depressão e queda na produtividade no trabalho pode estar sim ligada ao cansaço excessivo. O Virgula conversou com um especialista para falar mais afundo sobre o assunto.
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“É preciso sempre ver a raiz do problema e não só os sintomas”. Segundo o médico integrativo Dr. Enrique Lora, o grande erro hoje é tratar somente as consequências de um desequilíbrio no organismo, ou seja, é preciso analisar o quadro como um todo.
“A gente tem que observar diversos fatores no organismo, mas geralmente o cansaço físico está muito associado a algum estresse oxidativo, a alguma inflamação e o que posso afirmar é que a inflamação é um passo antes do processo de doenças crônicas e porque não dizer até, de doenças agudas. Em resumo, se a gente fica cansado o tempo inteiro significa que nosso organismo não está funcionando bem e pelo fato de não estar funcionando bem, coisas ruins podem vir à tona”, detalha.
Vivemos numa sociedade que valoriza a produtividade e que ainda julga quem sai do trabalho no horário, faz questão de tirar férias e consegue se desligar do trabalho no final de semana ou quando chega em casa. Estamos normalizando a exaustão e isso é preocupante. “Estamos diante de um cenário bem delicado porque hoje se fala muito em alta performance e em altas reformas. É claro que existe uma possibilidade da gente performar muito bem com saúde. O problema é que as pessoas não conseguem identificar essa zona. Esse estágio do corpo, acaba querendo performar muito a mais do que o corpo consegue suportar. E aí a gente acaba desencadeando uma situação nem um pouco saudável para organismo que, claro, acaba não sendo sustentável”.
De acordo com o médico, estamos normalizando a exaustão e isso não é correto nem saudável. Estando no olho do furacão, por trabalhar demais e dormir de menos, acabamos buscando muito mais gatilhos de prazer momentâneo, seja a bebida na sexta à noite, a comilança no fim de semana, enfim, pensamos que estamos compensando pelo esforço quando estamos sendo ainda mais nocivos. “Qualquer tipo de prazer mais momentâneo significa que a gente está num estado, numa zona nociva. O cansaço ou a dificuldade para perder peso, a dificuldade para ganhar massa muscular, a indisposição, a falta de memória, a falta de concentração, tudo isso são sintomas que já justificam que a estamos indo por um caminho não for favorável”, indica.
O tipo de cansaço varia muito mais pelos estímulos que a pessoa está sofrendo do que pela idade em si. É claro que, quando somos mais novos, o nosso corpo está mais preservado, ele está mais ativo. Quando a gente vai envelhecendo, nossos órgãos, nossas células, tudo vai passando por um processo mais desgastante. “A gente acaba deteriorando com o passar do tempo. Um envelhecimento que é natural, mas, consequentemente, o nosso corpo já não aguenta mais tantos estímulos”, alerta o médico.
O adolescente e o estudante geralmente não têm consciência das melhores condutas para a própria saúde. É muito difícil você explicar para uma criança que ela precisa dormir no horário certo, que isso vai reverberar no aprendizado ou na própria saúde. E também porque um jovem, um adolescente, ele não sente tanto quanto sente um adulto, os efeitos dos maus hábitos. Então fica difícil mostrar para essa categoria de pessoas. O estudante por si só acaba sendo multitarefas porque geralmente faz estágio além da faculdade e a jornada, que normalmente deveria ser de 8 horas, acaba se estendendo para 12 ou até 14 horas e isso é um estresse que acaba, querendo ou não, reverberando na saúde da pessoa. Muitas vezes a pessoa não tem muito o que fazer porque é preciso trabalhar para pagar boletos e ajudar em casa e sobreviver, mas é preciso também saber os limites de cada organismo.
Sobre o jovem adulto, o início de carreira acarreta também uma cobrança gigantesca por que existe a necessidade de mostrar serviço e de se atualizar e ser melhor que os outros o tempo todo. “Aí temos cobranças de todos os lados porque o adulto precisa estar bem profissionalmente, ser inserido socialmente, enfim, e ainda se consolidar. Pelo fato de não ter tanta experiência o profissional precisa se dedicar de forma assertiva naquela função então isso acaba também sobrecarregando mente e corpo”.
O que fazer para melhorar
De acordo com Enrique Lora, é preciso descansar o corpo e a mente e isso acontece quando você se ocupa com atividades que gosta. “Seja uma atividade física, seja um hobby. É bastante importante que o corpo direcione a sua atenção em questões fora trabalho, fora problemas familiares e que você se direcione àquilo para ter um pouco de paz. Isso é fundamental porque uma hora o prego espana. A gente não consegue seguir na vida por muito tempo sem um momento de respiro”.
Sobre a alimentação, o especialista orienta optar sempre por alimentos mais naturais possíveis, com menos conservantes, com menos corantes, com menos ingredientes artificiais. “Uma dica básica: quando você pega um produto, você olha lá a composição dele, quanto menos coisa tiver, melhor. E reduza ao máximo a quantidade de fritura. Tente optar por gordura boa, tais como oleaginosas, peixe e azeite de qualidade, principalmente”.
Ainda, evite ao máximo refrigerantes por que eles acabam alterando bastante o pH do organismo. fuja de frituras de imersão que acabam liberando compostos tóxicos e, em alguns casos, até compostos cancerígenos e esteja atento à hidratação: água importa e o tipo da água também. “Escolha água que tenha um pH adequado, com a quantidade de metais pesados reduzidos. É muito benéfico. Na salada, invista em folhas roxas, tem uma quantidade de nutrientes excelente para o nosso corpo. Mantenha uma dieta balanceada entre carboidrato, gordura e proteína. As proteínas são extremamente necessárias para o nosso corpo. E a carne, é uma das maiores fontes de vitamina”, finaliza.