A infertilidade tem uma estreita relação com hábitos nocivos à saúde, como tabaco, álcool, estresse e o consumo de medicamentos, segundo afirmou à Agência Efe a ginecologista e especialista em reprodução assistida Silvia Alvarez, que trabalha na clínica francesa La Muette, em Paris.
A constatação da médica foi baseada num estudo que será publicado nas próximas semanas e que utilizou como amostra 348 casais que recorreram a técnicas de reprodução assistida em 43 departamentos franceses. O objetivo foi determinar o peso das condições ambientais e do modo de vida na infertilidade.
Na pesquisa, realizada pelo grupo de especialistas em fertilidade Procreanat, observou-se que os participantes, todos com problemas de fecundidade, consumiam mais álcool, tabaco e maconha do que a média da população.
Além disso, constatou-se que eles eram pessoas com problemas de estresse relacionados ao trabalho e a sua própria vida sexual, pois diante da dificuldade para conceber um filho mantinham mais relações nos períodos de ovulação. Além disso, os homens se sentiam pressionados durante o ato sexual, o que fazia com que engravidar fosse ainda mais difícil.
Muitos dos participantes recorriam a remédios como antidepressivos e para queda de cabelo, o que aumentava seus problemas de fertilidade.
“Grande parte das dificuldades que os casais com problemas para ter filhos enfrentam se resolveriam com atitudes mais saudáveis e prevenção”, afirmou Silvia.
A médica já tinha realizado um estudo semelhante com 380 casais, entre 2005 e 2009, que chegou a mesma conclusão. Segundo Silvia, a fertilidade dos pacientes que aceitavam mudar seus maus hábitos melhorava entre três e seis meses depois.
Nesse intervalo de tempo, aumentou em 35% o número de gravidezes espontâneas, sem nenhum tratamento de fertilidade envolvido.
“O principal impedimento é a idade da mulher: ser mãe se torna mais complicado a partir dos 30 anos”, explicou Silvia, apesar de admitir que atualmente “é difícil ter filhos antes dessa idade”.
Por isso, a especialista insiste na importância de se melhorar os hábitos alimentares e sociais, para evitar “tratamentos custosos e inúteis, incluindo a fecundação in vitro”, que poderiam ser substituídos simplesmente “apostando na prevenção”.