Ann Mitchell, uma das matemáticas responsáveis por decodificar códigos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, morreu na última segunda-feira (11), aos 97 anos, em uma casa de repouso localizada em Edimburgo, capital da Escócia. A inglesa era uma das últimas integrantes vivas de sua equipe.
A pesquisadora teria sido diagnosticada com coronavírus pouco tempo antes de falecer. Seu filho, Andy Mitchell, contou à BBC que a mãe já vinha sofrendo com perda de memória e estava debilitada fisicamente. Mas ele completa: “fico feliz que ela seja reconhecida por sua vida distinta”.
Em 1943, a jovem Mitchell havia acabado de se graduar na Universidade de Oxford, na Inglaterra, quando foi chamada para um trabalho que “ela não fazia ideia” que tipo de serviço era, relatou seu filho. A matemática estava entrando para a equipe de inteligência de Alan Turing, considerado o pai da computação, para quebrar códigos militares da Alemanha gerados por uma máquina de criptografia supostamente imbatível, a Enigma.
A jovem foi designada para trabalhar no Hut 6, seção que lidava com mensagens de alta prioridade e o mais importante: captava os “códigos vermelhos” da Luftwaffe, a temida força aérea nazista.
O jornal Edinburgh News relata que a matemática trabalhava nove horas por dia e seis dias por semana na instalação militar de Bletchley Park. O serviço secreto ocorreu de Setembro de 1943 até o Dia da Vitória na Europa, em 8 de Maio de 1945, quando chegou ao fim a Segunda Guerra Mundial.
Após a guerra, Mitchell voltou à vida comum e anônima. O trabalho prestado ao governo era de teor confidencial e ela nunca contou a ninguém, nem mesmo para seu marido, com o que trabalhou durante o conflito.
Foi apenas a partir de 1970 que as informações sobre a missão começaram a se tornar públicas, trazendo então o devido reconhecimento aos trabalhos desta equipe. “Foi um incentivo no final da minha vida; de repente ganhar importância, ir de ninguém para alguém”, descreveu Mitchell. “Um passado que não interessava a ninguém e do nada muitas pessoas se interessam. É muito estranho”, afirmou.
O trabalho em Bletchley Park deu origem ao livro “The Bletchley Girls”, de Tessa Dunlop.