(Por Sarah Corrêa) – André Fischer é um nome mais do que conhecido na cultura gay brasileira. Afinal, o jornalista carioca, que adotou São Paulo como casa desde 2006, tem sua vida marcada pelo ativismo em defesa dos direitos do movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transsexuais) e pelo registro dedicado que faz de todo esse universo. Além disso, é um dos responsáveis pelo site Mix Brasil desde seus primeiros passos, em 1994.
Depois de publicar os livros Dicas de Sexo para Mulheres, Sozinho na cozinha e 1º. Almanaque de Banheiro, Fishcer lança agora seu quarto livro: Como o Mundo Virou Gay (Ediouro, 288 páginas).
Suas experiências na história do mundo gay, entre os anos 90 e a chegada do século XXI, foram registradas na coluna que assinou no jornal Folha de S. Paulo, entre 1996 até 2006. O blog pessoal também ajudou a contar mais histórias, mas "sem a preocupação de ser politicamente correto e de seguir um padrão de publicação", contou ele ao Virgula pelo telefone.
E nasce "Como o Mundo Virou Gay"
A saída da Folha, mais a idéia do blog e alguns relatos fictícios, foram os ingredientes que compuseram seu seu novo projeto. "O livro "Como o Mundo Virou Gay" nasceu da revisitação a tudo que tinha escrito anteriormente. Li tudo novamente e reescrevi. Foi um processo de dois anos", contou o autor.
Com as cores do arco-íris na capa e com um nome que pode sugerir para muitos uma pegada meio auto-ajuda, o livro é na verdade uma compilação da rica bagagem de André Fischer. Foram mais de 40 países rodados. A evolução da realidade gay foi presenciada com seus próprios olhos, então por que não contar como a cena evoluiu não somente em São Paulo, recheada por seus inúmeras clubes e figuras da noite, como no resto do mundo?
"O nome do livro é apenas uma brincadeira. É óbvio que o mundo não virou gay. Tem até um pouquinho de auto-ajuda, sim. Mas é mais com humor. O que eu percebi é que, ao longo dos anos, meus textos acompanharam as mudanças no mundo gay. Então, ao reuní-los, tentei contar essa história", explicou Fisher.
Política em um mundo nem sempre purpurinado
"É um estereótipo, sim. Afinal a alegria é uma marca, um estilo de vida do mundo gay", pontuou o escritor. E essa observação vai para aqueles que já vem com a crítica de que homossexual não tem que ser necessariamente sorridente o tempo todo. Como o Mundo Virou Gay mostra muito desse lado ensolarado. Noites, pegação, viagens, muitos momentos permeados por felicidade.
Mas o livro também tem um lado mais sério. Nos capítulos Espíritos de Porco e Algumas Grandes Conquistas, Fischer relata os infortúnios da intolerância na nossa socidade, assim como as conquistas da minoria -¬ como o direito de parceiros homossexuais receber pensão pelo INSS, a partir de 2000, em Porto Alegre. Mas, para Fischer, esses avanços estão longe de ser motivo de orgulho para a cultura brasileira, que muitas vezes estufa o peito em dizer que está se desfazendo do preconceito.
"Ao mesmo tempo que em São Paulo você vê um casal gay andando de mão dadas e se beijando, vivemos em um país com o maior índice de assassinatos contra homossexuais. Vivemos em uma sociedade dicotômica", critica Fischer. E acrescentou, se referindo a aparente representatividade que a Parada Gay tem: "É fato que temos muitas conquistas no país, mas não temos uma resposta da comunidade gay. A própria Parada do Orgulho Gay não representa ninguém. Basta ver nestas últimas eleições, quando quase 50 candidados eram homossexuais e nem 10% se elegeu. Como você pode ter um público de milhões de pessoas na Parada, mas não ter votos?"
Sempre que tem uma oportunidade, Fischer permeia seus textos com essa visão crítica. Exemplo disso é o último post de seu blog pessoal. No texto, o escritor protesta contra o tom agressivo adotado neste 2º turno pela campanha da candidata à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy (PT), que faz uma insinuação sobre a possível homossexualidade do rival democrata Gilberto Kassab. "Sem dúvida, foi uma bola fora do comitê de campanha da candidata. A Marta foi inábil nesse momento", completou Fischer.
Posts como estes e outras opiniões de Fischer registradas no papel ou no mundo virtual podem até render mais um livro, já que ele mesmo diz que ""Como o Mundo Virou Gay" é como aqueles filmes que terminam dando brecha a uma sequência".
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