(Por Camilo Rocha) Polêmica à vista! Mal esfriou o grande debate nacional sobre a lei seca no trânsito e outra grande discussão já vem dobrando a esquina. Quinta-feira passada (28/8), o governador de São Paulo, José Serra, enviou uma proposta de lei proibindo o fumo em todos os lugares fechados, seja bar, balada, restaurante ou o salão de festas do seu prédio. Fumar só vai ser permitido mesmo em tabacarias, dentro de casa ou na rua.

O Virgula conversou com frequentadores de baladas e bares, donos de casa noturna e DJs, fumantes e não-fumantes, para sentir o que as pessoas estão achando da iniciativa.

“EXAGERADO”

“Acho exagerado, entendo a preocupação, mas acho que em vez de uma lei poderia haver uma campanha de conscientização, para que as pessoas evitem fumar ao lado de crianças,etc.”, diz a analista de marketing Katisucia Torri.

O empresário Alex Richie, sócio da casa noturna paulistana Cabaret e de mega-festas como Helvetia e Zenith, critica o fato da multa prevista na proposta cair em cima do estabelecimento e não do fumante: “No Brasil, sempre sobra para o lugar maior. Meu papel é de informar que não pode e tentar fiscalizar, mas como vou ter 100% de controle sobre quem fuma na minha casa? Como pode o estabelecimento ser culpado pela atitude de terceiros?”

“INTELIGENTE”

Outros consideram a lei uma bênção. Para a designer Fernanda Viscardi, que abomina cigarro, a medida “é, no mínimo, inteligente. Se não só o cabelo e as roupas como a pele ficam impregnados do cheiro e dos resíduos do cigarro, o que dirá nossos pulmões? Se a pessoa quer fumar trancada, num lugar fechado, que faça isso no seu próprio quarto…. em sua propria casa.”

“Quando volto da balada, o cabelo, a roupa, tudo fica com aquele cheiro fedido de cigarro”, assina embaixo a estudante de jornalismo Ana Paula Cordeiro de Oliveira, outra não-fumante que elogia a idéia da lei.

IMPACTO NA NOITE

Muitos que são contra a lei consideram que será mais um duro golpe na noite, e logo na sequência do baque imposto pela Lei Seca. Rodrigo França, DJ e técnico de som do clube Royal, no centro de São Paulo, acredita que “se a lei tiver algum impacto, sem dúvida será negativo. Já em bares e restaurantes haverá queda nos lucros. Em casas noturnas será pior ainda.”

Para Eduardo Papel, sócio da Pacha em São Paulo, pior que o impacto da Lei Seca não tem como ser. Ele inclusive apóia a proposta de restringir o cigarro: “Acho certo, como não-fumante. Na verdade, isso já acontece em todo mundo. Agora, como dono de casa noturna é mais uma medida que nos atrapalha muito, ainda assim muito menos que esta Lei Seca, rigorosa demais.”

LEI PODE AJUDAR A PARAR

Muitos fumantes encaram a lei como benéfica, pois vai ajudar na sua batalha pessoal para largar o cigarro. O DJ Benjamin Ferreira, que toca em casas como Vegas, D-Edge e Loca, considera a lei “controversa” mas a vê "com bons olhos, até porque eu gostaria de parar de fumar e essa mudança seria um estímulo a mais para mim. Cortar o cigarro pode ser bastante difícil para quem trabalha na noite.”

É o mesmo pensamento de Rogério Corrêa, publicitário: Acho que é um ótimo empurrão para parar de fumar. Na balada é onde eu consumo mais cigarros.” Ele faz uma ressalva: “Mas isso só vale para fumante que tá tentando parar! Agora, se eu sou um fumante que não quer parar, isso vai me desestimular sim de sair a noite. Vou preferir ficar em casa, fumando com os amigos.”


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Lei anti-cigarro na balada: começou a polêmica

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