TV Globo/Divulgação Ivana virou pauta principal de ‘A Força do Querer’
A novela A Força do Querer, exibida na faixa nobre da TV Globo, tem se aprofundado cada vez mais na questão de identidade sexual com o desenvolvimento das tramas de Ivana (Carol Duarte) e Nonato (Silvero Pereira).
De um lado, a jogadora de vôlei, uma jovem menina de classe alta, filha de Joyce (Maria Fernanda Cândido) e Eugênio (Dan Stulbach), que nunca se encontrou em seu corpo, descobriu qual era o problema e resolveu tomar uma atitude em busca de se identificar: a mudança de sexo.
Do outro, o motorista do conservador Eurico (Humberto Martins), que tem como segredo o seu alter-ego Elis Miranda, uma artista primorosa com grandes ambições. Apesar de se caracterizar como mulher, Nonato (e Elis) não tem problema algum com o seu corpo, apenas possui uma personalidade feminina em seu interior que precisa se expressar.
O encontro dessas duas histórias fez com que o grande público, que ainda está sendo introduzido ao tema, um dos mais urgentes da sociedade atual, passasse a questionar as diferenças entre a identidade transexual e a travesti. A abordagem do folhetim de Gloria Perez, surpreendentemente, tem ganhado elogios do telespectador, que, mesmo conservador, entrega uma média de 33 pontos de audiência em A Força do Querer, a maior dos últimos quatro anos, com grandes elogios tanto para Carol, quanto para Silvero.
Nós queremos ajudar você que tem interesse em descobrir mais sobre o universo da identidade sexual e vamos explicar as diferenças entre as duas apresentadas na trama, que são apenas algumas entre outras tantas variações existentes.
Primeiro, o transgênero
TV Globo/Divulgação Tanto Ivana, quanto Nonato, são transgênero
Muitos, por lógica, acham que transgênero e transexual é a mesma coisa. Nós mesmos já cometemos esse erro algumas vezes, então não se sinta mal. E nem um erro TÃO grande assim.
Mas, na verdade, não é.
O prefixo trans tem como origem a palavra “transição”, ou seja, alguém que está em transito entre gêneros, para além do masculino e feminino. Logo, transgênero é um termo que engloba travestis, transexuais, não-binários, drag queens e qualquer pessoa que esteja além do sexo biológico.
Agora, o transexual
TV Globo/Reprodução Ivana é transexual
Já o transexual, identificado por Ivana na novela, é aquela pessoa cuja a identidade de gênero não corresponde ao sexo biológico. Ou seja, a pessoa nasce como mulher mas tem a identidade de um homem.
A inconformidade causa sofrimento e o sentimento de refém do próprio corpo, por isso a necessidade de mudança sexual. Há pessoas que não chegam a realizar uma alteração cirúrgica de genitália, como é o caso de Thammy Miranda, mas todo o restante passa por um processo de transição para uma aparência que esteja de acordo com a identidade de gênero.
É importante dizer que identidade de gênero nada tem a ver com orientação sexual. A pessoa pode muito bem fazer a transição de mulher para homem, por exemplo, e seguir atraída pelo sexo masculino.
E, por fim, a travesti
TV Globo/Divulgação Elis Miranda é a identidade travesti de Nonato
A travesti gosta de se vestir com roupas e acessórios identificados com o sexo oposto. Ou seja, é alguém nascido no sexo masculino, por exemplo, que gosta de expressar uma personalidade feminina que possui dentro dele. Só que, diferente do transexual, a travesti, que deve ser sempre tratada com artigo feminino, não possui problemas com o corpo. Ela se identifica com o sexo biológico.
Por questões de repressão social ou vontade própria, a travesti costuma ser uma pessoa que se veste como o seu sexo biológico é identificado no dia a dia e se produz em outros períodos com sua personalidade do sexo oposto, como é o caso do Nonato, que trabalha como segurança de dia e faz surgir Elis Miranda de noite.
TV Globo/Reprodução Nonato como segurança em ‘A Força do Querer’
É importante dizer que essa realidade apresentada não leva em consideração a marginalização dessa identidade sexual. Violentada e com mercado praticamente inexistente, a travesti que se arrisca a viver sua personalidade oculta no dia a dia tem grandes chances de acabar no universo da prostituição ou em situações ainda mais violentas.
Isso porque o Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais em todo o mundo. Só em 2017, foram 347 mortes, um recorde negativo para nosso povo. Os dados são do Grupo Gay da Bahia (GGB), mais antiga associação de defesa dos homossexuais e transexuais do Brasil
50 pessoas que passaram por transição de gênero
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