Pequeno número de participantes negras no Miss Bahia 2013 gera discussão na internet
Créditos: divulgacao
O concurso Miss Islândia 2013, que abriu inscrições em junho, tem ganhado mais manchetes do que se imaginava. Em um país com cerca de 320 mil habitantes, o evento recebeu um número recorde de mais de 1.300 candidaturas. Porém, o real sucesso de participação é resultado de uma campanha de trollagem do evento, que enfrenta a oposição de grande parte da população e de um grupo de feministas islandesas que aproveitaram algumas lacunas das regras para se inscreverem.
Tudo começou com a intenção da organização do Miss Islândia 2013 de popularizar e modernizar o evento. Segundo o diretor, Rafn Rafnsson, os critérios de seleção desta edição seriam mais generosos: não haveria mais requisitos de peso e altura mínima, possibilitando que todos se candidatassem à coroa e à faixa.
Como forma de protesto e de ironizar o concurso, mulheres de diversos tipos físicos e até um eletricista de 47 anos fizeram suas inscrições. A pastora Sigridur Gudmarsdottir, de 48 anos, está na lista das candidatas e explica: “Estou fazendo isso para mostrar o quanto esse tipo de evento é sem sentido”.
Movimentação feminista
A ativista feminista Hildur Lilliendahl foi uma das primeiras a integrar a manifestação e a anunciar no Facebook sua candidatura no Miss Islândia 2013. “Os concursos de beleza tradicionais promovem o exemplo perfeito do tipo de mulher criada pelo patriarcado. Eles promovem a ideia de as mulheres têm que ser belas, doces, bem-comportadas e reprimidas, e é exatamente assim que as mulheres são mantidas fora das posições de poder, do mercado de trabalho e da potencial revolução capaz de destruir esse sistema idiota”, comenta.
No dia seguinte da inscrição da ativista Hildur, a parlamentar Sigríður Ingadóttir, membro do partido de esquerda Aliança Social Democrática, também aderiu. “Quando vi a candidatura de Hildur na internet, pensei ‘bom, também vou me inscrever, é uma maneira divertida de participar do protesto’. Às vezes você precisa usar o humor para chamar a atenção das pessoas”, contou a parlamentar.
Para a crítica literária Brynhildur Omarsdottir, que também enviou sua candidatura, o diretor do evento deu a margem que as feministas queriam para criticar o concurso. “ Essa movimentação toda serve para mostrar o quanto o conceito de beleza vigente é arbitrário, por promover a objetificação das mulheres e o estereótipo da ‘mulher ideal’”.
A parlamentar Sigríður observa que o protesto deixou claro que houve uma mudança de valores e que as mulheres não admitem mais serem julgadas da maneira como fazem os concursos de beleza. “Hoje, em 2013, esse tipo de coisa não é mais aceitável.” Não deveria ser, mas concursos de Miss Qualquer Coisa seguem firmes e fortes no mundo todo.
Regras
A generosidade da direção do concurso, porém, vai mesmo ficar só nas inscrições. “As regras continuam as mesmas”, diz Íris Jónsdóttir, coordenadora do evento e representante da Islândia no Miss Mundo 2012. “As competidoras devem ter entre 18 e 24 anos, e não podem ser casadas ou ter filhos. As regras são as mesmas do concurso para Miss Mundo, que é a próxima etapa. Todas as candidaturas serão avaliadas, mas a escolha para a competição seguirá as regras de sempre.”
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