Com o fim das férias de julho, muitas adolescentes ou jovens adultas apareceram com uma importante diferença nas salas de aula de colégios, faculdades e universidades de todo o Brasil: a parada nos estudos permitiu, para essas moças, a realização de uma das cirurgias plásticas mais cobiçadas do momento, o implante de silicone nos seios. Será, porém, que é bom fazer essa operação tão jovem? Os benefícios superam eventuais problemas?
Oliveira Andrade conversou sobre isso com o doutor Sebastião Guerra, que preside a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que confirmou o aumento no número de intervenções em julho, mês em que as operações são quatro vezes mais comuns do que no restante do ano. Além das férias, outra razão que explica essa evolução é o pensamento de que o melhor momento para “entrar” na faca é o frio, quando todo mundo tira dos armários os agasalhos.
Guerra alertou, porém, para os perigos de procedimentos feitos em meninas de 12 ou 13 anos, que não desenvolveram por completo o corpo humano. A partir dos 15 anos, apontou, a situação é diferente, já que a formação física já é bem mais parecida com a de uma mulher. Ele pediu que, em qualquer situação, os pais participem da escolha, até para que todos estejam cientes do que ocorrerá e do pós-operatório, que nem sempre é fácil.
Já Walter Vieira Poltronieri, doutor em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo, analisou a questão por um outro ponto de vista: ele destacou que “a motivação é móvel”, começando com algo e terminando na sequência. Assim, se a inveja não pode ser excluída, o fato é que, cada vez mais, as jovens querem se sentir sedutoras e femininas, competindo também com colegas ou conhecidas, algo que é bem tradicional durante a adolescência.
Walter lembrou que, em alguns casos, as garotas “têm mamas muito grandes, e neste caso não é a estética”, com o objetivo de melhorar a saúde (nesta situação, o procedimento é feito de forma oposta, com a retirada de gordura e a redução dos seios). Ele apontou ainda uma paciente que, sendo mãe de três crianças, colocou silicone e fez com que a filha de 17 anos “se sentisse uma tábua”; meses depois, a mãe bancou, como um presente, o aumento dos seios da adolescente.