(Por Jamille Pinheiro) – Milk – A voz da igualdade, mais novo filme do diretor Gus Van Sant (Elefante, Paranoid Park), concorre em oito categorias do Oscar de 2009, dentre as quais Melhor filme, Melhor Ator e Melhor Direção. Cinebiografia do pioneiro Harvey Milk, primeiro político abertamente gay eleito democraticamente para um cargo público pelos americanos (interpretado por Sean Penn), a película chega com "timing" oportuno. Nasce alinhada a ao menos dois pontos contemporâneos da política norte-americana: a recente posse do presidente Barack Obama, ícone de esperança, abertura e renovação, e a emenda constitucional que visa à proibição de casamentos entre pessoas do mesmo sexo que fora legitimada pelo Supremo Tribunal californiana em maio de 2008.

Fazendo barulho

A identificação do filme de Van Sant com tais momentos políticos se dá de maneira a transcender sua mera descrição como “um filme sobre direitos gays”. É simplista a suposição de que ela é a narrativa, tão somente, da vida de um mártir homossexual que “saiu da vida para entrar na história” trinta anos atrás. Mais do que isso, lembra um caso de mobilização social movido a sentimentos como coragem e esperança. Remete ao ativismo de um herói possível que, com atrevimento, perseverança e mesmo algum humor, parte fazendo barulho no “local” de sua comunidade – a região de Castro, em São Francisco, tradicional capital gay – para ganhar voz e derrubar trincheiras sócio-políticas “globais” bastante significativas, conquistando um assento no Conselho de Supervisores da cidade californiana em 1977 – e, principalmente, sensibilizando sua comunidade.

Cara a tapa

Com esta tenacidade – e, ao mesmo tempo, doçura – o legado de Harvey Milk dá dicas sobre como ser político. Dar uma rasteira no conformismo, a cara a tapa e levantar a bunda da cadeira sem temer a afronta dos mais conservadores; atravessar o público “mais seguro”, gay, para cativar também não-homossexuais; angariar apoio fiel e motivar manifestações públicas; engajar-se significativamente, enfim, mesmo que tal empreitada custe uma boa tensão entre o desejo privado e o compromisso público. Afinal, a obstinação de Milk para fazer frente a questões da época, como a proibição de gays nas escolas públicas e as campanhas para revogar direitos gay na Flórida e em outros estados, não é tão diferente da determinação necessária hoje para se revisar oito anos de graves estragos, éticos e econômicos, capitaneados pela gestão Bush-Cheney.

Elenco

No filme, além de Penn, brilham especialmente três atores: James Franco (de Homem-Aranha) como o namorado de Harvey, Scott Smith; Emile Hirsch (Na Natureza Selvagem, Speed Racer) interpretando o ativista Cleve Jones; e o ótimo Josh Brolin (Onde os Fracos Não Têm Vez), indicado ao Oscar na Categoria Melhor Ator Codjuvante, que encarna o atormentado político que assassina Harvey.

Milk – A voz da igualdade tem estreia no Brasil no dia 20 de fevereiro.

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Milk, de Gus van Sant, ecoa política americana atual