Coletivos de homossexuais e feministas da Argentina expressaram nesta sexta-feira sua “decepção” pela escolha de Jorge Bergoglio como pontífice por sua rejeição ao casamento gay, ao aborto e ao uso de métodos anticoncepcionais.
A secretária-geral da Mesa Nacional pela Igualdade e deputada de Buenos Aires, María Rachid, lembrou que às vésperas da aprovação da lei de casamento igualitário na Argentina, Bergoglio liderou uma cruzada contra a medida, classificada por ele como um “plano do demônio”.
O novo papa “também obstaculizou a educação sexual nas escolas, se opôs à distribuição de preservativos e anticoncepcionais para prevenir casos de gravidez não desejada e ao direito das mulheres decidirem sobre o próprio corpo”, acrescentou María para a Agência Efe.
“Com estas posições, não acho que a Igreja Católica revise sua abordagem sobre estes temas”, lamentou a deputada.
Segundo sua opinião, é necessário fazer “uma reflexão sobre a relação entre Igreja e o Estado e impedir que a Igreja tenha influência no poder político, sobretudo em regiões como a América Latina”.
A eleição do ex-arcebispo de Buenos Aires Jorge Bergoglio “demonstra a clara vontade do Vaticano de radicalizar sua posição contrária ao reconhecimento das famílias da diversidade”, denunciou a Federação Argentina de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgênero (FALGBT).
Para Esteban Paulón, presidente da FALGBT, “a escolha de quem promoveu uma ‘guerra de Deus’ contra o casamento igualitário não pode deixar de nos decepcionar”.
“Sua posição radical em torno deste tema, da lei de identidade de gênero e do aborto seguro, legal e gratuito nos impede de sermos otimistas”, acrescentou.