Mary Del Priore, autora de livros sobre personagens históricos, opinou sobre a polêmica da publicação de biografias não autorizadas, levantada pelo grupo Procure Saber. Em entrevista ao site Revista de História, da Biblioteca Nacional, a historiadora pegou pesado ao criticar a ‘ganância’ dos integrantes da associação, que conta com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e Roberto Carlos.
“A ênfase do grupo Procure Saber em transformar biógrafos em ‘gente que ganha dinheiro’ é chocante! Uma tal visão das coisas só revela a ganância dos membros deste grupo. Somos jornalistas, historiadores, escritores, apenas interessados em fazer nosso trabalho pelo qual somos pagos proporcionalmente ao mercado de livros que no Brasil ainda é muito pequeno. O que querem de nós, que paguemos ‘dízimo’? E chamar essa gente de ‘artistas’? Melhor seria: agiotas ou comerciantes”, disse ao site.
Para a escritora, os assuntos presentes em publicações de fofoca vão necessariamente aparecer em biografias. “Figuras públicas são públicas. Então que tenham coerência entre o que dizem e o que fazem”, disse a escritora.
Debate
A repercussão em torno do caso das biografias ganhou força após uma entrevista de Paula Lavigne, ex-mulher e empresária de Caetano Veloso, ao jornal Folha de S. Paulo. Paula é porta-voz da associação Procure Saber.
O grupo luta para impedir que seja aprovado um projeto do deputado Newton Lima (PT-SP), que tramita no STF e no Congresso Nacional. O projeto pede uma mudança no Código Civil brasileiro, por meio de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, referente aos artigos do Código Civil que permitem o veto de biografias não autorizadas pelos biografados ou suas famílias. Para Newton, tais artigos ferem a liberdade de expressão e de imprensa.