Os livros infanto-juvenis que falaram de futebol
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Em tempos de Copa do Mundo, costumam voltar à memória diversos fatos, situações e objetos ligados às Copas do passado, ou mesmo que tenham ligação com o tema do Mundial: o futebol.
No quesito objetos, incluem-se livros. O futebol já foi (e continua sendo) assunto para livros das mais variadas vertentes, facções e opiniões. Mas há um nicho onde essa paixão nacional conserva a inocência e a poesia acima de qualquer rivalidade ou time: a literatura infanto-juvenil.
No Brasil, o setor viveu tempos férteis nas décadas de 70 e 80. Lançamentos surgiam aos montes nas livrarias, muitas vezes agrupados em coleções, como a famosa Série Vaga-Lume. E no meio de tanta produção, obras com o futebol como pano de fundo acabaram encantando gerações.
A mais famosa delas provavelmente é O Gênio do Crime. Escrito por João Carlos Marinho e lançado em 1969, o livro narrava as aventuras de uma turma de garotos que queria completar um álbum de figurinhas com os jogadores brasileiros de futebol. Quem completasse o álbum, ganhava brindes. Mas a empresa que dava os brindes estava falindo, devido à enxurrada de álbuns completos que apareciam. O motivo de tanta gente completar os álbuns: o tráfico de figurinhas falsificadas. A turma juvenil vira detetive e passa a investigar o caso, chegando ao cabeça da trama – o terrível anão que dá título ao livro.
O sucesso editorial desse livro atravessou as décadas, tornando-se obra indicada para leitura nas escolas e gerando spin-offs: uma série de livros do mesmo autor com a mesma turma de personagens infantis: o gordo Bolachão, Edmundo, Pituca, Berenice, entre outros.
Num dos livros da série, O Caneco de Prata, lançado em 1971, o futebol é mais importante ainda: a turma do gordo decide disputar um campeonato mirim de futebol, sempre vencido pela escola do diabólico mas hilário italiano Professor Giovanni.
Tais livros continuam atuais e engraçadíssimos, embora os nomes dos jogadores reais mencionados nas obras sejam antigos, claro: Tostão, Pelé, Jairzinho, Gerson – nada de Neymar ou Ronaldinho.
Além de Marinho, a autora Ruth Rocha também flertou com o futebol em suas obras. No livro Marcelo Marmelo Martelo, de 1976, composto por três histórias, uma delas focaliza o esporte: em O Dono da Bola, Caloca é um insuportável garoto que domina as crianças da rua, por possuir o brinquedo preferido: a bola de futebol.
Caloca destila todo seu autoritarismo infantil para conseguir o que quer, mas – moral da história – acaba conseguindo a solidão.
Em outras ocasiões, a autora voltou ao futebol: nas obras A Decisão do Campeonato e Armandinho, o Juiz, ambas da coleção A Turma da Minha Rua, narrando as partidas de futebol de uma turma de amigos lideradas por Catapimba, centroavante e secretário do Estrela D’Alva Futebol Clube.
Outra autora craque em grandes livros juvenis foi Stella Carr (1932-2008). Em O Incrível Roubo da Loteca (1978), ela traz o trio de detetives mirins Marco, Eloís e Isabel investigando o título do livro.
Tudo começa quando o goleiro da seleção brasileira, no final de uma partida tranquila, perde o pique e leva três “frangos”. Com isso, o resultado da loteria esportiva dá zebra, e surge a desconfiança de sabotagem contra os goleiros, prejudicando partidas – alguém quer levar sozinho a fortuna da loteria.
E até ele, que é um dos personagens mais famosos da literatura infantil brasileira, entrou na dança – ou melhor, em campo. O Menino Maluquinho, criado em 1980 por Ziraldo, jogava futebol. Sua posição era como goleiro. E como diz um dos trechos finais do livro, o Maluquinho segurava as bolas e não “frangava” nunca. Mas tinha uma coisa que ele não conseguiu segurar: o tempo.
O Menino Maluquinho cresceu e virou adulto. Assim como todas as crianças que curtiram essas aventuras. Em tempos de Copa, portanto, fica a nostalgia e a lembrança dessas obras literárias que marcaram época. Confira na galeria acima.