A festa de São João, assim como a junina, chegou ao Brasil através do portugueses como parte de uma celebração católica dos três santos lembrados neste período: São João, São Pedro e Santo Antônio.
Por aqui, ganhou contornos ainda mais abrangentes quando os nordestinos abraçaram o período festivo por ser também uma época de chuvas na região, historicamente atingida pela seca, fortalecendo, assim, a colheita de plantações de milho, principal ingrediente das receitas juninas, entre outros alimentos, além de garantir o respiro da economia para o restante do ano.
Do Nordeste, seguiu para as outras regiões do país, sempre preservando suas tradições fundamentais: as comidas, a fogueira, as fantasias, os balões e ritmos musicais: forró, baião, xote e xaxado, dança tipicamente pernambucana.
Mas, de uns tempos pra cá, a coisa mudou.
Os balões, por falta de fiscalização, foram proibidos com a justificativa de serem perigosos, as fogueiras perderam espaço e hoje se limitam aos interiores do Brasil e a música se diversificou, abrindo espaço, principalmente, para o sertanejo, estilo musical absolutamente dominante na indústria musical nacional de hoje.
Diante disso, surgiu a polêmica, levantada por Elba Ramalho e outros artistas de forró e semelhantes: deveria o sertanejo moderno fazer parte dessa celebração e, se sim, deveria ele ser atração principal?
A discussão é complexa e longa, assim como a justificativa para cada uma das tradições que estão se transformando com o passar dos anos e até se perdendo. Abaixo, relembramos algumas que se enquadram neste perfil.
1. O balão
A tradição de se soltar balões veio de Portugal. A soltura de cinco desses objetos decorativos representava o início do período de festa junina. Por falta de fiscalização e controle, a Lei Federal 9.605, criada em 1998, tornou crime ambiental o lançamento de qualquer balão, mesmo durante as festas de São João.
2. As fogueiras
A tradição pagã nasceu na Idade Média como forma de comemorar o solstício de verão, sendo um elemento clássico da celebração de São João Batista. Nos dias de hoje, segue resistindo, mas com menos espaço. As grandes cidades consideram o ato perigoso e, na maioria das festas populares, ela foi vetada, se tornando presença mais frequente nas reuniões de interior.
3. Grupos festeiros
Essa tradição consiste em reunir um pequeno grupo de pessoas que se fantasiam e, com muita música, saem divertindo os moradores da cidade, que deixam doces e guloseimas diversas nas janelas e portas como forma de agradecimento. Em inúmeras regiões do Nordeste, como o recôncavo baiano, segue firme, mas acabou perdendo espaço no Sudeste, até mesmo nas pequenas quermesses de bairro das periferias.
4. Forró
Não existe São João sem forró. O mais nordestino dos estilos musicais é matriz fundamental dos festejos juninos e precisa ser preservado. Ele é a primeira característica brasileira adicionada ao período festivo em sua adaptação ao país após chegar da Europa. Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Agostinho Silva são alguns dos nomes importantes desse estilo e de seus irmãos: baião, xote e o xaxado.
5. Corrida de saco, dança da laranja e outras brincadeiras
Uma das reclamações entre os nordestinos mais tradicionais é o abandono das brincadeiras de São João. As festas de junho, que se tornaram uma espécie de segundo carnaval em algumas cidades, ganharam proporções que não permitem mais uma inocente corrida de saco, por exemplo, ou a do ovo, a dança da laranja, o bingo, entre outras.
6. As quadrilhas
A tradição tem por origem a dança popular realizada por camponeses europeus durante a Idade Média. Foi trazida para o Brasil no século 19, onde se fundiu com danças e tradições culturais brasileiras, representando de forma animada a vida rural.
Tem sofrido de dificuldade semelhante das brincadeiras e gincanas
O crescimento do São João enquanto evento musical e econômico fez com que a dança se tornasse uma particularidade de festas menores e de interior, perdendo espaço por conta de sua simplicidade.