Você já deve ter ouvido aquele ditado maravilhoso que diz que “ser mãe é padecer no paraíso”. Esse paraíso, porém, tem mais armadilhas, encrencas, confusões e perdas do que as pessoas costumam imaginar. Na última semana, a youtuber Ashley Gardner ganhou as redes sociais depois de resumir o ideal de maternidade em 34 segundos, sem mais nem menos.
No vídeo, ela confessa ter se escondido na despensa para conseguir comer um doce em paz, sem as crianças a tira colo. “Devo me sentir culpada?”, ela pergunta, em tom de brincadeira.
Ter um filho é realmente uma experiência transformadora, como reforçam as mães de primeira, segunda e terceira viagem. Para o bem e para o mal, claro. Com tamanha responsabilidade, é preciso repensar hábitos, vontades, planos, manias e desejos – pelo menos num primeiro momento.
Alguns sonhos são esquecidos em uma longa fila de espera depois da chegada dos filhos. Falar em perda, portanto, também é falar sobre a maternidade real que tanta gente teima em romantizar.
O Virgula Lifestyle conversou com algumas mulheres para tentar entender, de uma maneira bem simples, o que se perde com a maternidade. Veja algumas das respostas mais legais:
1 – Quem disse que mãe tem querer?
” A gente perde muito da nossa autonomia. A maior parte do dia fazemos o que a cria quer ou precisa, deixando de lado o que nós realmente queremos. Toda essa dificuldade (e chatice, às vezes) é legítima, sim; dolorida, sim. Solitária também! Outra coisa que “perdi” depois da maternidade foram os “amigos” (tudo entre aspas porque acho que rola uma seleção natural de quem realmente tem de ficar perto da gente). Com certeza temos recompensas, o amor dos filhos, orgulho de vê-los crescendo e se desenvolvendo; mesmo assim, poderia ser um processo bem menos dolorido!”
Andressa R.
2 – Almoço em paz? Hoje não, mamãe!
“Além de perder muito dinheiro, vamos vivendo pequenas perdas todos os dias: um almoço em paz, aquele filme que todo mundo já viu, menos você, porque não tem com quem deixar as crianças. Perdemos até mesmo a oportunidade de tomar um banho no calor extremo. Cada dia a gente perde alguma coisa, depois que tem filhos… Mas ganha outras milhões – quando eu coloco na balança, compensa!”
Barbara H.
3 – Música nova só se for da Peppa Pig
“Minha filha está com 13 anos e eu nunca retomei algumas coisas, como música, por exemplo. Eu costumava buscar sons novos, ouvir musica o dia todo. Nunca mais fiz isso. Hoje escuto o mesmo disco que ouvia há 13 anos, rs. Sobre isso de dividir comidas e doces, procurei me desprender. Compro umas guloseimas pra mim e como sem culpa (em ela ver, claro). Nunca mais consegui dormir fora de casa, também. Perdi o hábito de ver filmes e não consigo mais acompanhar séries”
Nat A.
4 – Adeus, réveillon em Copacabana
“Perdi minha liberdade, minha autonomia e qualquer show de fogos, já que a cria tem medo. Também perdi minha libido, que está voltando aos poucos. Mas não me arrependo de nada, não!”
Ana C.
5 – Happy Hour só nos sonhos
“Eu só perdi a liberdade de ir e vir, sem ter que me preocupar. De resto, meu filho me acompanha nos rolês e escuta meus rocks pesados. Mas se me chamam para aquele bar à noite, de última hora, não consigo ir”
Linda N.
6 – Uma biritinha e olhe lá, hein
“Nunca mais consegui tomar umas biritas e ficar alta, rindo à toa. Não sei, trava tudo. Bebo pouco, o suficiente pra dar uma relaxadinha. Mas aquela coisa de beber sem me preocupar, nunca mais. Também fico muito atenta aos meus hábitos e comportamentos, para não dar exemplo ruim. Hoje é bem mais tranquilo, mas durante uns 6, 7 anos foi muito difícil. Solitário. Angustiante. Desesperador. Claro que tem todo um lado lindo, e o lado lindo é muito lindo. Mas tem o lado do pânico, sim, e ele é real”
Nat A.
7 – Banheiro ocupado, p#rra!
“Ir ao banheiro de porta fechada. Dormir até tarde. Falar palavrão – ou apenas fazer qualquer coisa que eu não gostaria que minha filha aprendesse e repetisse, pois somos espelhos para os nossos filhos.”
Eliene A.
8 – Bacharelado em Mamãe Nota 10
“Eu acredito que a maternidade tem perdas, sim. Antigamente, tinha vergonha de falar sobre esse lado ruim porque achava que seria julgada por quem vê de fora. Amo minhas filhas, incondicionalmente, e a partir do nascimento delas pude aprender muitas coisas. Mas perdi minha autonomia, liberdade de ir e vir para fazer minhas coisas, tempo para os meus cursos e estudos…”
Joyce R.
9 – Manda jobs?
“Perdi muitas oportunidades de emprego. Ainda não consegui voltar ao mercado de trabalho, que é extremamente cruel a mães com filhos pequenos. Também me afastei do meu cônjuge depois de me tornar mãe, em termos de intimidade”
Gisele R.
10 – Aquela domingueira…
“Perdi o privilégio de passar o domingo no sofá, assistindo a filmes e séries. Perdi “amigos”. Para mim isso foi bom, porque encontrei uma parte de mim que precisava encontrar. Uma parte mais serena, mais ligada à natureza. Nunca planejei ser mãe. Deixei nas mãos do destino e ele me surpreendeu”
Heloísa O.
11 – Cólicas com adrenalina
“Se perde muito quando se torna mãe, sim! Mas vamos nos reinventando com o tempo, claro. O que mais sinto falta é de ter tranquilidade, tempo e disposição pra namorar com meu marido, comer calmamente uma refeição quente. Perdi, principalmente, a chance de poder ‘curtir’ uma cólica, enxaqueca ou qualquer outra dor sem a cria me escalando. Sem falar nas amizades que se vão.”
Litha G.
12 – Medo da separação
“A única coisa que perdi foi a coragem. Morro de medo ao pensar em deixar um pedaço meu pra trás.”
Ella B.
13 – Quem é quem?
“Tenho dois filhos e, depois deles, perdi tudo, tudo mesmo! Mas em contrapartida ganhei tudo novo, uma nova pessoa, novas perspectivas, novas ideias e ideais. E as mudanças deixam a gente meio louca, mesmo; leva tempo pra se adaptar, para se acostumar e se reinventar. Mesmo assim, estou gostando de ser mãe, me sinto uma pessoa melhor.”
Thamires S.
14 – Quilos de cabelos
“Perdi cabelos! Muitos, mesmo. Além disso, perdi quilos na amamentação e fiquei magrela sem os 30kg que havia ganhado durante a gestação. Perdi amigos, família e disposição para fazer minhas unhas.”
Thandara F.
15 – Mãe com nome e sobrenome
“Acredito que a principal perda é a da individualidade. Quando você dá à luz, nasce ali um novo ser e uma nova mulher. A sociedade, porém, ignora a mulher, com seus defeitos, é só reconhece a mãe dentro dos padrões da Virgem Maria, aquela que se doa inteiramente e não tem qualquer necessidade. Nesse processo de adaptação à realidade materna, junto à falta de tempo e à mudança mental, você acaba se perdendo si mesmo, enquanto ser humano. Cada mulher vive isso numa intensidade diferente, mas é algo natural no puerpério. A melhor forma para lidar com isso é contar com uma rede de apoio (que muitas mulheres não têm). Se você for mãe solo, que recentemente se tornou o meu caso, isso é ainda mais nítido.”
Nani G.
Por que alguns filhos não poderiam ser deixados com seus pais
Créditos: Reprodução/Bored Panda