O estudo Brasil de Bolhas da KOGA, nova unidade de estudos comportamentais e estratégia da agência DOJO, coletou dados quantitativos e qualitativos com mais de dois mil entrevistados.
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Segundo a pesquisa, 52% dos brasileiros acreditam que as pessoas não estão preparadas para ouvir opiniões de quem pensa diferente. Pensando nisso, a KOGA mapeou cinco perfis da população sob o ponto de vista de como se comunicam e dialogam, sendo eles: contestadores (11,5%), isentos (43,1%), impositivos (4,5%), rígidos (13,3%) e idealistas (27,7%). Além disso, também desenvolveu estratégias para conversar com cada um deles.
Em cada um dos perfis, existem características que se repetem, o que pode nos levar a pensar em alguns tipos bem conhecidos de pessoas ou parentes próximos. Vamos lá:
Sabe aquela irmã ou prima que não para de tentar te convencer de algo e odeia quando perde uma discussão? Ela provavelmente pertence ao primeiro grupo. De acordo com o estudo, 43,7% dos contestadores têm essas características. Eles também:
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São os menos influenciados pelos familiares e possuem uma baixa religiosidade (13,1% se consideram ateus/agnósticos/teístas – segunda maior taxa do estudo);
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Acreditam na cultura como ferramenta de inserção social e no movimento de ocupar espaços públicos para furar bolhas e conectar diferentes perspectivas;
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São muito ativos nas redes sociais. Afinal, 60% desse grupo se considera muito ativo, sendo também o segundo que mais busca fazer campanha sobre as causas nas quais acredita e contra as que não acredita;
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Eles (82,1%) seguem marcas e buscam por alinhamento político com aquelas que consomem. Além disso, querem vê-las agindo mais e cobram delas um posicionamento que não seja neutro.
Mas então, como melhorar a comunicação com a prima ou irmã que está dentro desse perfil? O estudo indica as seguintes recomendações: mantenha uma abordagem direta que aponte racionalmente o porquê da importância da mensagem, mostre que as informações são confiáveis e demonstre estar preparado para ouvir opiniões divergentes bem como não desejar vencer a discussão.
Perfil Contestador
Características: não gostam de perder discussões, pouco influenciados por familiares, baixa religiosidade, acreditam na cultura como ferramenta de inserção social, muito ativos nas redes sociais, buscam identificação política com marcas que consomem;
Como se comunicar: seja direto, mostre informações confiáveis e não queira vencer a discussão.
Por outro lado, aquele chefe ou gerente que prefere se abster de temas polêmicos provavelmente está no grupo dos isentos. Essas pessoas não gostam e evitam a qualquer custo se envolver em discussões polêmicas (68,2%), independentemente do ambiente. Quando o fazem, geralmente é em família, por se sentirem mais confortáveis e seguros.
Os isentos ainda:
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São mais evangélicos do que a média, sendo influenciado por alguns conceitos religiosos em assuntos de ordem moral e política;
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São pessoas que têm mais interesse pela cultura internacional e pela cultura brasileira mainstream;
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Eles são os menos ativos nas redes sociais: mais da metade (54,2%) se considera pouco ou não muito ativo e 46,1% dificilmente ou nunca entraria em uma discussão política nesse ambiente;
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Também são os menos abertos e engajados com o trabalho de marcas em relação ao meio social e pouco acreditam (quando comparado aos demais perfis) que elas podem colaborar na melhora dos diálogos entre as pessoas.
Portanto, para ter uma boa conversa com o “gerente/chefe”, mostre que está disposto a explicar de forma respeitosa e paciente coisas que ele ainda não sabe, se conecte afetivamente por meio de histórias reais que emocionam e aproveite as pautas que estão em alta para transmitir mensagens importantes.
Perfil isento
Características: não gostam e evitam discussões polêmicas, mais evangélicos, influenciados por alguns conceitos religiosos, se interessam pela cultura internacional, menos ativos nas redes sociais, menos engajados no trabalho das marcas;
Como se comunicar: seja respeitoso e paciente, se conecte afetivamente e traga mensagens importantes de pautas relevantes.
Já o tio que gosta de se comunicar pelo WhatsApp ou Telegram e de tentar te convencer a qualquer custo, deve estar entre os impositivos, que são pessoas que buscam combater grupos opostos e, mesmo sendo o menor perfil de todos (4,5%), se destacam nas discussões, sendo os mais viscerais de todos; 58,9% tentam constantemente convencer os outros sobre o seu posicionamento a respeito do que acreditam.
Este perfil também é:
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O segundo mais influenciado pela família em relação ao seu posicionamento e leva os conceitos da religião para discussões políticas;
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Um público que se conecta culturalmente com aqueles que compartilham a mesma visão política e usam seus critérios morais para apoiar ou boicotar qualquer ato cultural;
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Nas redes sociais, fazem campanhas contra causas que não acreditam e usam o WhatsApp e o Telegram para se informar e dialogar;
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Também é o mais aberto e próximo das marcas (78,9% às seguem), buscam pelas que tenham um posicionamento alinhado ao seu e que sejam contra o politicamente correto.
Nesse caso, a dica é apostar no que passa credibilidade através da tradição e da superação pessoal, busque encontrar argumentos com os quais a outra pessoa possa concordar.
Perfil impositivo
Características: são os mais viscerais, querem convencer os outros, são influenciados pela família, são religiosos, se conectam com pessoas que tenham a mesma visão política que a sua, fazem campanha nas redes sociais, se informam pelo WhatsApp e Telegram, são abertos e próximos das marcas;
Como se comunicar: aposte na credibilidade da tradição e superação pessoal e encontre argumentos interessantes.
Entre os rígidos, provavelmente, tem aquela vizinha muito religiosa que acredita que só existe um único caminho ou verdade a ser seguida. Esse público tem pouco interesse em entrar em discussões políticas porque quase não acredita ser possível ter diálogos produtivos e saudáveis com pessoas que pensam muito diferente.
Para eles:
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A religião, a família e a tradição são questões fundamentais e inquestionáveis para este grupo (48,5% são evangélicos/protestantes), que ocupam um lugar central em todos os âmbitos de sua vida, incluindo a cultura. Por isso, 59,8% estão mais abertos a conversar com familiares que pensam diferente.
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É o segundo menos ativo nas redes sociais (51,5% se considera pouco ou não muito ativo);
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33,5% não conversa sobre assuntos sociopolíticos com quem pensa diferente nas redes sociais;
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E, apesar de não buscarem tanto saber qual o posicionamento político das marcas que consomem (77,1% seguem marcas), ao ser impactado por algo que não esteja alinhado às suas crenças e valores, acabam as rejeitando completamente.
Por isso, quando for conversar com alguém mais rígido, exemplifique as mensagens por meio de situações e ambientes familiares e não coloque em jogo suas crenças. Com eles, deixe claro que o seu objetivo não é transformar sua opinião.
Perfil rígido
Características: pouco interessados em discussões políticas, têm a religião, a família e a tradição como questões fundamentais, são pouco ativos nas redes sociais, não buscam muito saber sobre o posicionamento das marcas;
Como se comunicar: exemplifique a mensagem, não critique crenças e não tente mudar a opinião deles.
Por fim, os idealistas são as pessoas que estão mais abertas e receptivas para novos pensamentos e novas posturas. É aquela garota que escuta todo mundo e reflete sobre o que conversou. Pois bem, esse perfil se mostra mais aberto a conversar com quem pensa diferente, porque acreditam que assim podem fazer a diferença. São mais reflexivos e tendem a ser mais ponderados em discussões. Estão menos preocupados em ganhar e mais interessados em adquirir novos aprendizados.
Eles ainda:
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Costumam ter mais contato com diferentes perfis de pessoas, o que traz uma noção maior da importância da inclusão e diversidade como solução para furar bolhas;
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Nas redes sociais, 63,7% procuram fazer campanha sobre as causas nas quais acreditam;
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Possuem maior vínculo de diálogo com seus amigos, sendo mais influenciados por estes do que pela família em assuntos sociopolíticos;
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Têm a menor taxa de religiosidade (19,2% – maior número – de ateus/agnósticos/teístas);
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São mais ativos nas redes sociais do que a média (39% se consideram muito ativos), mas as utilizam menos na hora de se informar;
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São os que mais procuram alinhamento políticos com as marcas (81,9% às seguem), querem vê-las atuando mais, buscam ativamente saber como elas estão colaborando com a sociedade e se suas ações estão alinhadas com a cultura interna.
Dessa forma, para discussões, busque se apoiar no impacto positivo que o conteúdo da mensagem traz para o mundo, use uma comunicação com tom jovem e que reflita o espírito do tempo e mostre suas ações, porque, para eles, os atos importam mais do que a comunicação por si só.
Perfil idealista
Características: são mais abertos, reflexivos e ponderados. Têm contato com perfis diferentes, fazem campanha nas redes sociais, são mais influenciados por amigos, são menos religiosos, são mais ativos nas redes sociais e buscam alinhamento político com as marcas;
Como se comunicar: mostre o impacto positivo da mensagem, comunique-se num tom jovem e mostre suas ações.
Para estabelecer diálogos produtivos cabe a cada um de nós analisar em qual ambiente e qual tipo de perfil de pessoa estamos lidando. Só assim conseguiremos traçar estratégias argumentativas para quebrar as denominadas “bolhas de diálogo”.
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