(Por Danilo Poveza) Se os cartazes com seres do fundo do mar não lhe empolgam para o cinema 3D, é bom que você assista Coraline. O filme de Henry Selick baseado na obra de Neil Gailman, filmado com tecnologia 3D, estreia nessa sexta-feira, 13, em diversas salas no país.
E a data não podia ser mais conveniente. A obra de animação, toda feita em stop motion (aquele processo que fotografa bonecos quadro a quadro), é carregada do clima sombrio que tornou famosos tanto Neil Gailman, que criou a HQ Sandman, quanto Henry Selick, que dirigiu "O Estranho Mundo de Jack", com roteiro de Tim Burton. Nas palavras do próprio Selick, Coraline é "um filme para crianças corajosas, de 8 a 80 anos.
Coraline é o nome da personagem principal. Uma garotinha que não ganha muita atenção dos pais ocupados e muda sua perspectiva quando descobre uma porta secreta para outra dimensão. Contudo, a vida nova tem um preço e Coraline, a essa altura, precisa se desdobrar para fugir da armadilha onde se meteu.
Vinte meses de filmagem
Na trama cheia de reviravoltas à la David Linch, há ótimos aspectos para adultos e crianças. Tanto o jeitão fábula do gato falante, que é conselheiro de Coraline, como o humor sarcástico das impagáveis vizinhas são prato cheio para a platéia mais heterogênea. E o esmero de Henry Selick nos detalhes de cenário, como no onírico jardim da casa de Coraline, deixa claro porque a filmagem levou vinte meses para acabar.
Essa é a primeira animação stop motion que é importada para 3D. Não são tantas as salas com esse suporte, mas vale a pena procurar por elas. O diretor declarou que escolheu momentos certos para usar a profundidade e o efeito não é banalizado.
Se consola quem assistir Coraline em cópias normais, a versão 3D só existe em cópias dubladas para o português e não tem a interpretação original de Jennifer Saunders (do hilário seriado Absolutely Fabulous) como a personagem Mrs.Pink, tão importante quanto o garoto Wybie, que não está na obra escrita, mas segundo o diretor, ajuda a desaguar os pensamentos da Coraline original.
Toda preocupação em dar ritmo ao filme de uma hora e meia deu certo. Dos curtos números musicais aos diálogos rabugentos de Coraline, está tudo tão bem costurado como a boneca de pano que muda a vida da personagem-título.
Um detalhe: o diretor do filme preparou uma surpresa para o final dos créditos. Vale a pena esperar até o fim da exibição.
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