A psicóloga, psicanalista e psicoterapeuta Beatriz Breves dedicou praticamente toda a carreira ao estudo do sentir. Nestes 35 anos em que desenvolveu a teoria da Ciência do Sentir, a carioca foi além da pesquisa e levou a experimentação científica para o campo da música, das artes plásticas e da poesia. Agora, ela reúne tudo em um novo livro, aprofundando as abordagens de outros oito títulos publicados.
Entre o mistério e a ignorância – O Desvendar da Psique Humana é uma obra que transcende a psicologia e a psicanálise e passa, além da arte, também pela biologia e física. Esta última, inclusive, é a segunda formação da autora, que buscou ampliar o conhecimento sobre o ser humano a partir de uma outra perspectiva – os conceitos físicos.
Com essa visão holística, Beatriz propõe um contraponto ao olhar mecanicista e materialista do paradigma newtoniano, pelo qual é necessário dividir as partes para conhecer o todo. A pesquisa da autora parte do princípio de que o universo, definido por ela como macromicro, é um complexo vibracional, uno, inteiro e indivisível no qual o ser humano, sem se isolar, emerge como um recorte.
Essa concepção vibracional do universo, bem como as interações humanas, são apresentadas no primeiro recorte do livro. “Mistério” parte de uma viagem a Varanasi, na Índia, onde a autora experimentou sentimentos complexos, levando a algumas conclusões. Entre elas, a de que o ser humano somente pode se perceber simbolicamente nas três dimensões do espaço – altura, largura e profundidade –, enquanto no campo do Sentir é possível ir além.
Tudo o que senti naquele lugar é algo impossível de representar. Quantas dimensões precisei perder, para, primeiramente, realizar em minha mente, in loco, a imagem em três e, depois, na fotografia, em duas, se considerar de que hoje se aceita o universo como possuidor de dez dimensões de espaço e uma de tempo? (Entre o mistério e a ignorância, p. 20)
Se o “Mistério” compõe a primeira parte da obra, o segundo recorte mergulha no “desvendar da psiquê humana”. Apoiada nas teses de físicos teóricos, filósofos e cientistas, a autora aborda temas como realidade psíquica, o sentimento do Eu e a identidade como um processo em construção. Por fim, fazendo a junção das partes que formam o nome do livro, a “Ignorância” refere-se ao sentimento vivenciado pela autora frente à transcendência do espaço-tempo em outro destino, Machu Picchu.
A contemplação da vida e a desconstrução de um possível saber foram as bases para a teorização da Ciência do Sentir. Somado às viagens, Beatriz Breves se submeteu como paciente à psicanálise por longos 32 anos. Para ela, foi esta sua grande escola, maior até que o estudo teórico e a prática clínica. E para socializar e enriquecer seu trabalho, fundou a Sociedade da Ciência do Sentir (SoCiS), em 2010. O grupo que se encontrava semanalmente, em Copacabana, atualmente mantém encontros virtuais para falar de sentimentos.