Especialista aponta motivações psíquicas em envenenamento fatal com bolo em SP (Foto: Reprodução)
A trágica morte da adolescente Ana Luiza de Oliveira Neves, de 17 anos, após ingerir um bolo de pote envenenado, no último fim de semana, em São Paulo, chocou o país e levantou questionamentos sobre os possíveis fatores psicológicos por trás de crimes como esse. Segundo a Polícia Civil, a principal suspeita é uma jovem, também de 17 anos, que confessou ter envenenado dois bolos e mandado entregar para duas vítimas, mas uma delas sobreviveu. De acordo com as investigações, que ainda estão em andamento, a garota teria agido por ciúmes.
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Em análise do caso, o psicólogo e escritor Alexander Bez, especialista em saúde mental, explica que atos como esse frequentemente envolvem um tripé emocional formado por malícia, raiva e inveja. “Usualmente, quando acontece uma ação dessa natureza, há alguns elementos psicológicos envolvidos. Não podendo ser descartados: a malícia, a raiva e a inveja. Juntos, formam o tripé dessa hedionda ação”, pontua Bez.
De acordo com o especialista, a concretização desse tipo de crime está intimamente ligada a uma estrutura psíquica psicótica, que ultrapassa os limites da realidade e age sem empatia pelo outro. “Evidentemente, que para o desejo dessa ação ser concretizado – tem que haver a classificação de uma personalidade psicótica. Caso contrário, o desejo não é concretizado. Fica apenas na esfera mental da imaginação — aí, fazendo-se prevalecer uma personalidade neurótica, bem diferente da psicótica que a impulsionou”, alerta.
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Bez classifica o envenenamento como uma ação pré-intencional que revela traços claros de um transtorno de personalidade antissocial: “É uma ação já previamente intencional, a qual somente uma mente livre de conceitos sociais e sentimentos pelo outro poderia fazer a conclusão, sobressaindo-se a vontade do transtorno de personalidade antissocial”.
Segundo o especialista, fatores como inveja extrema, frustração mal resolvida e um “irreal senso de justiça” são comuns nesses casos. Ele faz uma conexão simbólica com o clássico conto de fadas: “Psiquiatricamente explanado, há um desejo letal em ferir a outra. Sendo esse muitas vezes motivado por inveja e por um delirante ‘irreal senso de justiça’ (…) Podemos classificar essa ação como ‘Síndrome da Branca-de-Neve’, fundamentada especificamente através da inveja e da beleza alheia — que incomoda”.
O psicólogo ainda alerta que o uso de um doce como método de envenenamento pode representar uma inversão simbólica da afeição, típica de mentes psicóticas. “O envenenamento dessa forma indica uma intenção cruel, porque é através da representação emocional do chocolate que a pessoa líquida a outra. Utilizando uma conotação de carinho e atenção para uma vertente negativa-mortal. Bem próprio à mente psicótica”, esclarece.
Bez conclui ressaltando a importância de investigações profundas que não apenas responsabilizem o autor do crime, mas ajudem a identificar padrões que possam prevenir futuras tragédias: “Seguir com a linha de investigação criminal seria a melhor opção para coibir futuras ações desse tipo e poupar vidas inocentes”, finaliza.