(Da redação com informações da Ansa) – Para vencer o racismo, centenas de imigrantes na Espanha – muitos deles sul-americanos – fazem cirurgias plásticas para eliminar suas características étnicas. A idéia é se tornar mais parecidos com os europeus.

Em reportagem do jornal espanhol El Pais, um equatoriano de 28 anos, chamado Orly Cuzco, pagou 4,2 mil euros a um cirurgião de Madri para modificar seu rosto. "Eram muito fortes em mim os traços do povo inca. Agora chamo menos a atenção", explicou Cuzco ao jornal.

Nos últimos tempos, houve um grande aumento da violência contra imigrantes equatorianos. Na última sexta-feira, várias publicações do país relataram o espancamento de uma jovem equatoriana de 14 anos. Ela foi agredida a socos e pontapés no rosto e em todo o corpo, enquanto os agressores, jovens espanhóis da mesma idade da garota, gritavam: "matemna". A cena foi filmada por uma câmera de celular e colocada na internet.

Segundo a Ruminahui, associação dos imigrantes equatorianos na Espanha, "estas agressões de cunho racista se tornaram cotidianas na Espanha, mas são ignoradas. Muitas vítimas têm medo de denunciar".

Meses atrás, a agressão de uma outra garota equatoriana no metrô de Barcelona também foi parar na internet. Nos dois casos, ninguém socorreu a vítima. Esses casos ajudam a entender porque o recurso à cirurgia plástica para "ocidentalizar as feições" é um fenômeno em contínuo crescimento entre os imigrantes sul-americanos, segundo informa o El Pais.

"Muitos clientes chegam com a desculpa de querer reparar um defeito, mas o que querem na realidade é corrigir narizes largos e atenuar os traços que identificam a sua nacionalidade", explica o cirurgião Diego Tomas, ressaltando que "verifica-se um importante aumento do número desse tipo de paciente nos últimos anos".

O presidente da Sociedade Espanhola de Cirurgia Plástica (Secpre), Antonio Porcuna, confirma o aumento dos pacientes que "querem um nariz mais europeu". E o fenômeno pode ser até maior. Muitos imigrantes sul-americanos aproveitam as férias em seus países para fazerem cirurgias plásticas a preços mais acessíveis, que variam de 570 a 900 euros, de acordo com o El Pais.

As correções mais procuradas são: o retoque no nariz, o arredondamento do queixo ou dos olhos. O fenômeno, explica o jornal, já é bastante difundido na Austrália e nos Estados Unidos, onde muitos cirurgiões se especializaram na "ocidentalização" dos olhos dos imigrantes chineses e japoneses.

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Espanha: Imigrantes fazem plástica para evitar preconceito