(Por Gabriela Rassy) – Horas de criatividade colocadas no papel, de atenção para corrigir cada errinho e no telefone em busca de alguém para publicar. Um trabalho de natureza lenta, define o dono da editora Martins Fontes, Evandro M. Fontes. Escrever um livro é um processo trabalhoso e demorado, mas, o que fazer depois que a obra está pronta?
Publicar um livro pode ser mais simples do que as pessoas imaginam, se você tiver grana para bancar a produção. Em uma editora tradicional ou de mercado, é difícil o autor ter que bancar sua própria obra. Em geral, quando o trabalho é aceito por uma grande casa editorial, ela mesma se encarrega dos gastos. Todos os livros que publico, eu banco a produção e pago os direitos autorais, disse Evandro. Esses direitos, em geral, representam 10% do valor de capa.
Para as grande editoras, só vale a pena produzir uma obra se for uma tiragem de 2 mil cópias, no mínimo. Se o livro vender mais do que a quantidade impressa, como vários vendem, é renegociado o valor que será repassado ao autor, explica Fontes.
Se o desespero for muito grande e a vontade de publicar for maior do que o tempo de espera que pode ser bem logo para ser aceito nas editoras de mercado, existe outra opção. Editoras menores publicam livros de iniciantes mediante pagamento do autor.
A editora Baraúna tem um pacote especial para publicações independentes. O valor é a partir de R$ 498 e já inclui todo o processo de diagramação e impressão. O diferencial é que o autor paga menos e recebe cinco exemplares para divulgar o trabalho. Assim não fica com mil cópias empacadas em casa, explica um dos sócios da editora, Maurício Paraguassú. O livro é feito por demanda; fica à venda no site da editora e é divulgado em outros. Então, quem quiser comprar, faz o pedido, disse ao Virgula.
Nesse caso, o autor recebe 30% dos direitos de capa, valor bem maior do que o de praxe do mercado. Nem o Paulo Coelho recebe mais do que 15%, mesmo vendendo muitos livros, disse Maurício.
O estudante Otávio Lopes conseguiu publicar seu primeiro livro de poesias por uma editora independente. Escrevi poemas por mais de seis anos sem ter qualquer intenção de publicá-los, a idéia surgiu apenas em 2005, conta Lopes. Fui atrás de algumas editoras, e pouquíssimas se propuseram a publicar um desconhecido, menos ainda um livro de poesias, explicou.
Lopes gastou aproximadamente R$ 5 mil para a tiragem de 500 cópias, que são vendidas na Livraria Cultura, em lojas pequenas de bairro e na internet, pela Livraria Asabeça. O lucro do que é vendido é todo meu. No entanto, para chegar às grandes livrarias é preciso ceder uma porcentagem do valor adquirido nas vendas.
Segundo Otávio, a maior dificuldade foi a sua produção pessoal: as correções lingüísticas, a busca por interpretações. Confesso que não é difícil publicar por editoras pequenas. É relativamente fácil, mas o livro pode ficar com uma cara padrão caso você não tenha uma participação ativa no desenrolar do projeto, explica.
Mas sempre existe a possibilidade das editoras não aceitarem fechar contrato com o seu trabalho. É raro, mas acontece de um livro ser rejeitado por ser muito ruim, ter muitos erros de digitação, conteúdo ilegal ou apelativo, explica Maurício. Toda editora avalia o conteúdo da obra antes de dar uma resposta ao autor. Pedimos desculpas ao autor, mas é o nome da editora que vai estar aparecendo. Além disso, não é agradável um livro ruim ficar à venda no site, ao lado de obras de outros autores, disse.
Já Evandro Martins Fontes acredita que o empecilho é outro. Um erro comum dos escritores iniciantes é fazer uma edição caseira, disse. Além disso, é preciso ficar atento ao perfil da editora. Não adianta nada mandar uma ficção para uma editora que só publica não-ficção, explica Fontes.
Mas, em qualquer caso, é importante acreditar no trabalho e persistir na vontade de publicar. O Harry Potter, que tinha uma autora, até então, desconhecida, foi recusado por diversas casas editoriais inglesas até ser aceito por uma pequena editora que hoje é referência no lançamento de novos autores. Então, uma pessoa não deve desistir nunca, mesmo que ela já tenha sido recusada várias vezes, finaliza Martins Fontes.
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