Em dezembro, nada menos que 141 pessoas vão se apresentar em um único espetáculo circense, batizado de “Alma”, em Búzios, cidade da Região dos Lagos fluminense. Todas vão se revezar na apresentação de números de acrobacias aéreas, malabares, contorção, acrobacia de solo, etc. no picadeiro do Espaço Cultural CircoLo de Criação. Fundado em 2002, idealizado e dirigido pelo artista Antonio Carlos Pap, egresso da Escola Nacional de Circo, o CircoLo oferece aulas gratuitas de circo para alunos da rede pública de ensino do balneário, e faz a alegria de crianças, adolescentes e, claro, dos seus pais. Desde 2005, quando Pap criou o CircoLo Social, tem sido assim, com apoio da Prefeitura e de algumas instituições, e centenas já passaram pelos cursos gratuitos até hoje. Em 2011, o projeto foi indicado para o Prêmio de Cultura da Secretaria de Estado de Cultura do Rio.
Tecido, lira, trapézio, marinho, pula corda, acrobacias coletivas e uma série de outras lições, que à primeira vista parecem impossíveis para quem nunca pisou num picadeiro antes, são ensinadas no CircoLo por experts, como a professora Marina Makhohl. Produtora executiva do espaço, além de preparadora cênica, Marina, que dá aulas desde 2005, conta que o trabalho é árduo, “mas a gratificação é quase diária quando percebemos a evolução, não só técnica, mas principalmente humana dos participantes do Projeto”, diz. “Muitas vezes, delegando uma tarefa de responsabilidade a algum aluno, indiretamente, lhe damos ferramentas que ajudam a elevar a auto estima”, observa.
O processo de formação dos alunos começa com uma intensa preparação física, que se estende pelos três primeiros meses, acompanhados de oficinas de expressão corporal e jogos cênicos. A partir do quarto mês, os professores introduzem a acrobacia de solo, e só depois, no quinto mês, entram as lições mais complexas, como as de acrobacia aérea. “Apenas quando o corpo já está preparado para enfrentar os riscos que envolvem uma acrobacia aérea”, explica Marina. As oficinas acompanham o calendário escolar, começando, em geral, no mês de março e terminando em dezembro, durante 3 vezes por semana, em dois turnos – manhã e tarde de segundas, quartas e sextas – com 75 vagas por turno. E a cada ano aumenta a procura pelo projeto. Este ano, os 141 integrantes do espetáculo de final de curso representam um recorde no número de alunos.
“Alma”, nome do espetáculo de 2013, é uma homenagem a uma aluna que, em 2012, faleceu vítima de uma infecção. Ela se chamava Alma. “Além disso, como tema, de forma aberta ou abstrata, trabalhamos a riqueza que há em cada indivíduo. Somos um, mas somos muitos, ou todos! E dentro de cada um de nós existe um universo de possibilidades”, conta Marina. O projeto CircoLo sonha com a ampliação das oficinas, abrangendo também as áreas do Teatro e da Música. A ideia começou a tomar forma este ano, quando foram oferecidas aulas com estas temáticas a 30 jovens entre 12 e 17 anos de Búzios, implantadas graças à ajuda do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.