“A ideia é impactar efetivamente os alunos pelas unidades educacionais e, respectivamente, os seus familiares também. Os professores receberão uma formação para replicarem as atividades ao longo dos anos, além de terem autonomia para adaptarem as ferramentas ensinadas durante o workshop”, destacou Jaciana Melquiades (35), historiadora, professora e CEO da Era Uma Vez o Mundo (EUVOM); a primeira loja especializada em confecções de bonecas negras do Brasil, e responsável pela oficina ‘Ferramentas para uma educação antirracista’, nesta quinta-feira (27), às 9h, na Escola Municipal Rachel de Queiroz, na área central do Rio de Janeiro.
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O curso, elaborado através da parceria entre a Gerência de Relações Étnico Raciais da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (GERER) e o patrocínio do Edital de Soluções para Retomada do Shell Iniciativa Jovem, consiste em preparar os profissionais da rede municipal de educação infantil do estado, para que possam implementar a temática no cotidiano escolar, difundindo assim, uma educação antirracista e mitigando os impactos estruturais do racismo no país.
Entre os assuntos a serem abordados pela a ‘EUVOM’, estão os conceitos de representatividade e autorreferência positiva a partir da infância, atingindo diretamente o crescimento dos indivíduos envolvidos pela iniciativa. “Nosso objetivo é dar o acesso às bonecas negras, já que esse brinquedo é um mecanismo poderoso na construção da identidade afirmativa das crianças. Na rede pública, a maioria das nossas crianças é negra, e essa entrega garante que elas tenham os brinquedos e todo potencial de desenvolvimento que os mesmos proporcionam”, ressaltou a empreendedora.
A Lei 10.639 discorre sobre a obrigatoriedade de ensino de história e cultura afro-brasileira nas unidades de ensino fundamental e médio e, além das atividades educativas e pedagógicas ministradas no encontro, bonecas serão distribuídas em escolas públicas.
De acordo com Jaciana, ao pensar na pouca instrumentalização de profissionais da educação no letramento racial, gestão de conflitos em sala de aula, bem como no auxílio de responsáveis na condução cotidiana de conversas com crianças e jovens sobre questões raciais, o workshop foi desenvolvido. “Inicialmente, distribuiríamos bonecas pretas de pano para crianças nas escolas, mas ao começar a fazer contato com as mesmas, o projeto tomou proporções maiores. Queremos mostrar que é possível transformar a educação e debater a pauta racial através do lúdico, além de promover um enfrentamento real ao racismo, de forma a construirmos um futuro viável, saudável e de igualdade”, pontua.
O projeto visa ainda estabelecer um olhar empático que estimule ações coletivas para a regeneração social, propondo reflexões e atitudes pontuais de conscientização e reparo social, através dessas ações lúdicas, especialmente no que diz respeito à utilização de ferramentas educacionais nas transformações locais. Neste sentido, a startup desenvolve conhecimentos particulares ao relacionamento em comunidade e à manutenção dos bens culturais e imateriais que configuram a sociedade.
Presencialmente, a oficina será realizada em dois horários, sendo o primeiro, das 9h às 12h e, o segundo, das 13h às 14h. Já na sexta-feira (28), acontece online. Para Jaciana, este trabalho é uma superação. “Tem sido bastante desafiador, principalmente, quando pensamos na estrutura que montamos para fazer a maior produção que já fizemos e no menor tempo. Estamos nos provando enquanto empresa nesse sentido. Do ponto de vista do impacto nos indivíduos, temos pessoas da nossa comunidade com garantia de renda, o que é incrível, além de já estarmos sonhando com os rostinhos felizes das crianças com as atividades e brinquedos que estamos preparando”, concluiu.
As inscrições para o workshop presencial estão sendo realizadas pela Secretaria de Educação do Rio e contam com 60 vagas. Já as inscrições para o online poderão ser feitas por qualquer educador de escola pública na sexta-feira (28) no site https://eraumavezomundo.com.
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