Entenda como pressão por estar presente na criação dos filhos afeta a saúde mental (Foto: Freepik)

A criação de filhos, já naturalmente desafiadora, parece ter atingido novos níveis de estresse e exaustão para pais e mães no mundo moderno. A autocobrança de serem cada vez mais presentes e envolvidos na vida dos filhos tem custado um preço alto para a saúde mental, sinalizando que o estilo de criação atual, pode estar se tornando insustentável.

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Para a especialista em neurociências e desenvolvimento infantil, Telma Abrahão, autora best-seller e criadora da Educação Neuroconsciente, essa pressão é, em grande parte, fruto de mudanças significativas na estrutura social e nas expectativas que recaem sobre os pais. “O mundo mudou. No mundo moderno, o homem e a mulher trabalham, e a criança acaba passando muito tempo na escolinha, com uma babá ou alguém da família”, comenta Telma.

Ela destaca que, antigamente, as mulheres permaneciam mais em casa e o cuidado com as crianças era compartilhado entre familiares. Hoje, com ambos os pais no mercado de trabalho e menos pessoas disponíveis para ajudar, a tarefa de criar filhos recai quase exclusivamente sobre os pais. “Existe um ditado muito sábio que diz: ‘Para criar uma criança, é preciso uma tribo’. E hoje nem sempre temos essas ‘tribos’ e os pais acabam sobrecarregados”, pontua.

O avanço da Neurociência trouxe maior compreensão sobre a importância da presença emocional e física dos pais na infância. “Hoje, temos acesso a muito conhecimento e entendemos a importância da infância na construção da saúde física, mental e emocional do ser humano”, disse a especialista.

O problema é que muitos pais, ao saberem da importância de seu papel na infância dos filhos, acabam querendo ser perfeitos, e essa busca impossível se tornou uma grande fonte de exaustão. “Muitos pais acabam se sentindo extremamente sobrecarregados porque querem dar conta de tudo e, muitas vezes, se cobram perfeição”, afirma Telma. Ela ressalta, no entanto, que o mais importante não é apenas prover materialmente, mas estar emocionalmente presente. “O melhor é você estar ali, emocionalmente disponível, para guiar, orientar, dar amor e também estabelecer limites respeitosos”, conclui.

Essa autocobrança excessiva, somada à falta de tempo e redes de apoio, pode fazer com que muitos pais se sintam esgotados e inadequados. Telma Abrahão reforça que se dedicar à boa criação dos filhos deve ser prioridade na vida, mas que é essencial equilibrar as responsabilidades com o autocuidado.

Telma Abrahão é biomédica, especialista em neurociências e desenvolvimento infantil, autora best-seller e criadora da Educação Neuroconsciente. Dedica-se a ajudar famílias a compreenderem o impacto da infância no comportamento e saúde dos adultos, promovendo educação emocional e prevenção de traumas.


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Entenda como pressão por estar presente na criação dos filhos afeta a saúde mental

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